O poder da realização também está na capacidade de ouvir o outro e aprender com ele. Saber que não somos uma pessoa, mas várias.

Mas por que contar histórias é tão importante?

Como diria a jornalista e escritora, Eliane Brum: “toda vida é habitada pelo extraordinário”. Zeca retorna sempre ao ponto de que todos têm algo importante para dizer, mesmo que às vezes não estejam tão a fim de contar a história de manchete do jornal.

Por isso, o professor é claro: cuidado com os clichês. Quem tem centenas de crônicas e outra dezenas de entrevistados, já desenvolveu também algumas dicas. Anota aí:

Encontre as pessoas. Pra começar a contar uma história, inicie um relacionamento imaginando quem poderia ser aquela pessoa sentada do seu lado no ônibus. Afinal, uma parte das pessoas é permanente e outra é de repente. Não se tem as pessoas na sua totalidade, nós vemos somente uma sombra.

Zeca relembra a história do gari na praça Tiradentes que era violinista clássico e levava o violino escondido no carrinho. No intervalo, tirava o instrumento e tocava em plena praça no centro de Curitiba. Como diz Zeca, a rica capacidade das pessoas se reinventarem é inspirador.

 O que torna o personagem grande é também sua sombra, não só sua luz.

Será que conseguimos identificar os instantes mágicos da vida? O Zeca dá um nome bem especial pra esses momentos que mudam uma trajetória: a dobra da vida.

Investigar o espírito humano e a forma que as pessoas aplicam a inteligência, razão e sensibilidade é a verdadeira graça do fazer jornalismo – não a manipulação dos sentimentos do leitor.

Como exemplo de boa narrativa, o professor relembra a mitologia grega. Os deuses têm paixões e defeitos, cometem crimes e erros, essa humanidade cria uma verossimilhança do leitor com o personagem.

Quando se conta uma história é importante não considerar ninguém menor. O que torna o personagem grande é também sua sombra, não só sua luz. Confira o talk do Zeca no TEDxRebouças:

DICA PRA VOCÊ DESPERTAR O PODER DA REALIZAÇÃO NA DESCOBERTA:

Fuja das histórias clássicas de superação, pode ficar a imagem de que a pessoa superou seus problemas e nós não superamos porque não fizemos igual

Os bons personagens são aqueles que têm algo em comum com o leitor, às vezes o exotismo exagerado pode ser uma história só pro leitor rir e não para se reconhecer na persona inusitada

Desconfie das suas próprias crenças, acredite que conhecendo o outro sempre vai ter a capacidade de se surpreender