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Como acompanhar tendências em 2018

Na corrida pela vantagem competitiva do mercado, algumas pessoas saem na frente por conseguirem informações relevantes. Mas para chegar nesse ponto, é preciso análise, planejamento e projeção.

Pra você ter uma ideia, até 2020 mais de 90% das empresas devem adotar a tática de análise de dados como forma de antever o comportamento do público. Isso é ótimo do ponto de vista proativo, porque possibilita a implementação de medidas importantes a partir daquilo que foi detectado.

Ao fazer isso, tendências também são detectadas. Elas sinalizam comportamentos de consumo e indícios do que as pessoas tendem a seguir em um futuro próximo. Por exemplo, essa cor te diz o que?

Essa cor é a ultra violet, cor escolhida para 2018 pela Pantone. Caracterizada como complexa e contemplativa, ela sugere a exploração em contato com o místico e ao mesmo tempo com a tecnologia. Essa cor pode nos mostrar uma tendência para 2018: meditação, agora além dos círculos específicos, e o auto-conhecimento em pauta. Ela é uma indicação, mas existem vários outros fatores possíveis de análise.  

Mas qual o significado de tendência?

Tendência é um processo social no qual as pessoas mudam seus estilos, gostos, ações. Essas mudanças podem se dividir em curta duração ou longa duração e são adotadas por grande setores da sociedade. Hambúrguer artesanal, cervejas especiais, paleta mexicana, tudo isso veio como formato de negócio revolucionário, mas sem uma estratégia válida, se torna modismo e cai em desuso em pouco tempo. Mesmo sendo muito rentável no curto prazo, não tem muitas chances de ir longe. 

Em compensação, tendência tendem a revelar um pouco de como será o futuro e durar. Os segmentos de alimentação saudável e cosmética para homens está abrindo esse caminho e descobrindo um solo muito fértil. Essa, portanto, é a diferença entre uma mudança de curta duração e longa duração, que podem ser consideradas modismo ou tendências, de fato.

Ao acompanhá-las, você percebe que as pessoas estão mudando o jeito de consumir, e a partir disso pode avaliar se vale a pena investir em alguma forma específica de venda ou se está na hora de mudar. Além disso, estas tendências também podem sinalizar expectativas do consumidor que ainda não são atendidas pelo mercado. Ou seja, novas oportunidades de negócio que podem ser aproveitados para aumentar ganhos.

Dicas de como acompanhar tendências

Bom, não existe uma fórmula mágica na hora de “encontrar” tendências. O importante é considerar quais mudanças do mercado podem impactar seu negócio e começar a olhar mais de perto para elas. A partir desta análise, o trabalho é revisar o negócio, os processos e como eles estão sendo conduzidos.

Também é preciso considerar que essa observação precisa ser constante, afinal os hábitos de consumo mudam sempre – a gente vê essas alterações a partir do avanço tecnológico e no comportamento das pessoas. Portanto, esse trabalho precisa ser levado como estratégico dentro da empresa: ele faz diferença quando bem feito e não te deixa descolado do que está acontecendo no mercado.

Aqui vão algumas dicas:

Conhecendo o cliente

A base de um bom relacionamento (e bons resultados) está em conhecer o cliente. Agora, com redes sociais e internet, é possível conhecer o cliente por inteiro.

A rede de streaming Netflix tem um case bem famoso sobre isso. De posse de montanhas de dados sobre o que os clientes assistem, a empresa começou a criar conteúdos moldados ao gosto de cada um deles. A série Stranger Things só foi criada porque a companhia percebeu que muitos estavam interessados em entretenimento dos anos 1980.

Usando os dados a seu favor

Analisar dados de atividades desenvolvidas ao longo dos anos e identificar padrões te ajudam a perceber tendências futuras.

Por exemplo, de uma tendência de vendas que apresente constância anual com redução no terceiro trimestre, pode-se deduzir que as vendas continuarão a ser baixas no terceiro trimestre do próximo ano.

O analista de dados, então, deve usar essa informação para embasar a empresa no desenvolvimento de estratégias adicionais no período de baixa.

Mais informação, por favor

Na mão de cada consumidor, há um mundo de conhecimento. Com os smartphones, redes sociais e resenhas de produtos nos próprios sites de compra, os clientes passam a saber mais sobre o produto que querem comprar – às vezes, mais até do que os próprios vendedores.

É possível usar toda essa informação para envolver o cliente, construindo uma história para fornecer informações sobre seu produto.

O marketing da Nike é um bom exemplo disso. A companhia, que construiu sua história se conectando a grandes atletas, também está ajudando seus consumidores a contar sua própria história.

Com o aplicativo Nike+, a fabricante de calçados coleta dados sobre o rendimento dos seus consumidores, envia dicas de treinos e sugere os melhores tênis para cada atividade.

Para ficar de olho

Para você ter uma ideia, o ano já começa com algumas previsões importantes – não só astrológicas.

O Facebook separou os principais tópicos para 2018, que passam por categorias como cultura, beleza, tecnologia, comida. Já o Google fez um dossiê sobre a importância da diversidade e como isso deve estar relacionado aos negócios e marcas.E para quem está pensando em conteúdo, o WordPress listou algumas tendências de conteúdo digital para 2018.

Pegando o gancho da diversidade, a gente percebe que questões como equidade de gênero estão em voga e vão se manter. Ao ver os índices de feminicídio, por exemplo, fica claro porque ainda precisamos falar sobre isso. Algumas marcas viram uma oportunidade de usar a questão de forma positiva.

A Skol, por exemplo, olhou para o seu passado machista e redesenhou uma campanha com a ajuda de várias mulheres. O processo também aconteceu internamente, com políticas de igualdade em cargos e salários e criação de grupos de afinidades, como o comitê LGBT.

Ficando sempre à frente

Bom, agora que você viu que é melhor correr, se não a concorrência passa na frente, que tal conhecer um pouco mais do assunto com quem estuda tendências? A Nina Rosa, por exemplo, tem 10 anos de experiência na área e vai ministrar um curso de tendência na Aldeia.

Em um mercado cada vez mais globalizado, massificado e padronizado, conhecer as tendências permite buscar diferenciação e inovação. A demanda por serviços de pesquisa de preferências está crescendo, por possibilitar antecipar padrões e diferenciais. Além disso, com o curso você vai:

  • participar de uma imersão rápida e eficiente;
  • pensar em estratégias mais assertivas a partir das tendências;
  • ficar por dentro de como identificar, mapear e monitorá-las;
  • construir uma bagagem para se desenvolver no assunto e pensar no futuro do seu negócio.

Quer saber mais sobre tendências? Conheça o curso.

Customer Success: domine a arte de ganhar o coração do cliente

O nosso jeito de consumir mudou e isso não é novidade pra ninguém. Vivemos na era da qualidade, onde levamos em conta os produtos e preços, mas também queremos qualidade no serviço de atendimento e uma experiência única na hora de comprar. 

E essa experiência muda drasticamente o relacionamento do cliente com a empresa. Principalmente com o uso das redes sociais e da internet, que facilita o posicionamento contra ou a favor da marca. Também facilita o acesso a empresas que oferecem o mesmo produto ou serviço que você. E te digo, quem não gosta, reclama. Mas, por outro lado, quem gosta muito, elogia e indica.

E aí, o que fazer para se destacar? Voltamos ao que é mais importante aqui, que é o sucesso do cliente e não da empresa. Afinal de contas, quando o cliente fica satisfeito com a empresa, seu negócio também sai ganhando. O problema é que as vezes as empresas não sabem o que os clientes esperam delas ao comprar um produto ou serviço. E quem pode resolver isso é o Customer Success, acredita?

Mas, afinal, o que é Customer Success?

Customer Success significa Sucesso do Cliente. Basicamente, a área de Customer Success é responsável por garantir que o cliente tenha a melhor experiência possível durante todo o processo de compra e que seu problema seja resolvido.

Por isso esse processo vai muito além do simples atendimento ao cliente ou suporte. É uma área estratégica da empresa que possui metas, desafios e uma condição essencial: pró-atividade.

Uma equipe de Sucesso do Cliente é responsável por garantir que os seus clientes utilizem o seu produto/serviço da maneira correta e que tenham uma boa experiência com ele. Devem estar aptos a conceder um suporte completo para os clientes, mas também devem ir além.

3 etapas do sucesso para o Customer Success

Primeiro de tudo: qual sua expectativa quando se trata de público final? Para você ter uma ideia, aqui na Aldeia a gente parte do princípio que é cumprir com a expectativa do cliente e levar a compra a outro nível. A gente também entender que ninguém compra um produto porque quer comprar aquele produto: compra-se para chegar em algum lugar, cumprir com algum objetivo.

E quando se espera por algo, mas a empresa não cumpre com isso, as pessoas reclamam. Afinal, eles têm algumas expectativas e esperam que as coisas sejam cumpridas conforme o planejado. E por mais mesquinho e pequeno que isso pareça, é preciso levar em conta essas exigências.

Para que isso fique mais claro, separamos o processo de Customer Success em 3 etapas.

1. Expectativa

Nesse passo é preciso entender o que os seus clientes estão esperando e os benefícios que eles estão percebendo nos seus serviços e produtos. O cliente mostra interesse e quer saber como você pode ajudá-lo e como não pode ajudá-lo também.

Por isso, é muito importante fazer perguntas para entender melhor o que ele espera  (jamais tentar adivinhar, ok?) e acolher — assim a pessoa se sente importante e com voz no processo. 

Ao tratar os consumidores da forma como eles desejam ser tratados, e por vezes até superar suas expectativas, além de ajudá-los a ter sucesso em suas atividades, será muito mais provável que eles continuem com você por muito tempo.

2. Sucesso  

O importante nesse passo é que o cliente esteja cumprindo a tarefa que ele veio cumprir conosco. Portanto, existem duas formas de atingir o sucesso: falar só o necessário (sem despejar conteúdo) e pensar no que de fato o consumidor está buscando; depois é importante reforçar entrega.

Um exemplo é o check-out do hotel, quando você responde a um questionário e percebe tudo que ele te proporcionou. Então pense como é possível fazer o reforço da entrega, para fazer seu cliente refletir sobre o processo de compra. Isso pode ser beem estratégico.

3. Felicidade

Essa etapa se trata da confiança e identificação com a marca. Talvez sendo um nível mais transcendente do atendimento, existem várias práticas para alcançá-lo. É possível comunicar sua empresa falando do seu propósito, dá para medir quando eles nos recomendam, o retorno dos clientes e a consulta — nesse último caso, é quando ele confia em você ao ponto de te pedir indicações.

O importante é que você tenha interesse genuíno em ajudar seu cliente, e não só pense na venda. Porque se não, ele vai saber e vai comentar isso por aí.

Para você ter uma ideia, é muito comum recebermos na Aldeia pedidos de indicações. Depois de conhecer nossa tribo, as pessoas percebem esse movimento que une tanta gente incrível e as conexões que são feitas aqui. Por isso, confiam nas pessoas e empresas que indicamos.

Colocando em prática

Agora que a gente já viu que se o cliente não tiver sucesso, você também não vai ter, é hora de ir para o próximo nível. Para você aprofundar mais seus conhecimentos sobre o assunto, dá uma olhada nessa palestra que o Ivan Chagas, responsável pela área de Customer Success da Aldeia, deu por aqui.

E para aprender a ir além do atendimento e garantir a felicidade do cliente, dá uma olhada no nosso curso de Customer Success. Ele te ensina a

  • desenvolver a mentalidade de perseguir o sucesso do cliente
  • entender a jornada do cliente
  • vender (sim, vender faz parte, mas do jeito certo)
  • lidar com problemas e objeções
  • setar e acompanhar as métricas do sucesso do cliente

Se você faz parte de uma equipe de atendimento, é executivo ou empreendedor e lida diretamente com clientes e seu público, seja por e-mail, telefone ou pessoalmente, esse curso é para você.

Vem saber mais com quem já teve a marca tatuada pelos clientes – aham, a Aldeia!

16 pessoas e iniciativas para você ficar de olho em 2018

Atenção: o ano nem começou ainda e a gente já está adiantando tendências por aqui. E é bom você ficar de olho, sabe por que? Essas 16 iniciativas foram as vencedoras do Destrava Awards, premiação que angariou quase 8 mil votos em 6 dias.

Além da votação popular, o prêmio contou com a participação de um time de curadores de tirar o chapéu. Foram 18 pessoas engajadas, que estão ganhando espaço e respeito com seus trabalhos em Curitiba e que ficaram responsáveis por selecionar, entre os 5 indicados, o melhor de cada categoria.

Aliás, as categorias são Arte, Alô Mundo, Evento, Firma, Gastronomia, Girl Power, Oi, Sumido e Social.

E isso que foi a primeira edição, hein? Agora dá uma olhada nessa galera que está destravando a cidade com movimentos inovadores e ousados:

1. Orquestra Filarmônica de Curitiba // Arte – voto popular e curadores

Com um repertório amplo e diversificado, a Orquestra Filarmônica de Curitiba ganhou na categoria Arte – tanto na votação popular quando na votação dos curadores! Parece que esses destravadores estão em outro patamar, mostrando como fazer música com excelência e concertos diferenciados.

2. Puta Peita // Alô, mundo – curadores

Alô, mundo! A Puta Peita chegou e já tomou conta das ruas. A ideia aqui é vestir opinião e levar isso para o mundo. O projeto cocriado de camisetas usa frases impactantes para criar reflexões e incômodos importantes e pertinentes.

3. Endeleza // Alô, mundo – voto popular

A Endeleza é uma organização que busca promover o desenvolvimento humano e comunitário de comunidades em situação de vulnerabilidade através de três pilares: educação, empoderamento e sustentabilidade. Hoje eles atuam no Quênia e no Paraná, mas está crescendo mais que a cidade e ganhou na votação popular.

4. Manoo // Evento – voto popular

Ainda sobre fazer com o coração, temos a Manoo, um evento que celebra a produção local, autoral e manual, em um ambiente com música, gastronomia e atrações infantis. É praticamente uma celebração do encontro e faz sentido ganhar como Evento destravador.

5. Subtropikal // Evento – curadores

Conectar pessoas, ideias e espaços para criar uma vazão criativa na cidade é o que faz o Subtropikal, festival que já soma duas edições e contando. A programação do Festival sempre tem a duração de uma semana e está fundada em três bases que convidam as pessoas a explorar, refletir e curtir a cidade, saindo de zona de conforto de suas bolhas ideológicas.

6. Oficina da GASP // Firma – voto popular

Já pensou num lugar onde calçados são feitos à mão e sem gênero? Ele existe e é mantido por 3 entusiastas que criam, modelam e produzem recriando técnicas da sapataria clássica. Liberdade, criatividade, conforto e revolução são alguns dos pilares que sustentam a GASP, empresa que se destacou esse ano e tá ai representando na categoria Firma.

7. Contabilizei // Firma – curadores

Eleita pela revista FastCompany entre as 10 empresas mais inovadoras da América Latina em 2017, a Contabilizei é um escritório de contabilidade online. Unindo plataformas inteligentes e contadores incríveis, eles revolucionaram esse mercado tão tradicional.

8. Ca’dore Comida Descomplicada // Gastronomia – voto popular

Uma vila gastronômica ao ar livre ganhou o coração dos curitibanos tão rápido que já é quase patrimônio da cidade. Com opções para todos os gostos, a Ca’dore conta com um projeto inovador de lojas contêineres e um paisagismo encantador. Tá aí a consagração no voto popular na categoria Gastronomia.

9. Coletivo Alimentar // Gastronomia – curadores

Unir gente que está pensando comida é o propósito do Coletivo Alimentar, que também é café, restaurante, coworking, padaria, mercado, horta urbana. Além disso, o espaço propõe pensar o empreendedorismo com protagonismo e responsabilidade para levar seu negócio adiante.

10. Central do Abacaxi // Gastronomia – curadores

Bom mesmo é quem usa comida como pretexto para encontros, né? Pois então, a Central do Abacaxi faz isso sendo uma cozinha itinerante, que acredita no comer como uma experiência. Os curadores ficaram com tanta água na boca na hora de votar, que acabaram empatando essas duas lindezas que são a Central do Abacaxi e o Coletivo Alimentar.

11. Laís Graf // Girl Power – voto popular

Ela é jornalista e resolveu fazer frente às mulheres makers por aí. Hoje a Laís Graf é editora da make mag, um portal de conteúdo que ajuda mulheres a tirarem sonhos do papel e colocarem na rua. Aliás, essa foto no Girlboss Rally mostra que ela vai longe e leva as minas junto com ela.

12. Jade Quoi // Girl Power – curadores

Essa destravadora de quadris coordena o BDNT (bunda dura não treme) com aulas que estimulam o amor próprio e a auto-estima. A ideia de Jade é ensinar a lidar com a frustração através da dança, estimulando o empoderamento feminino e o fortalecimento do vínculo entre as mulheres.

13. ZTGT // Oi, sumido! – voto popular

A ZTGT é um movimento cultural curitibano que busca dar visibilidade para artistas independentes e promover o desenvolvimento de pessoas. Ou melhor, era. Mas, ao que tudo indica, o prêmio foi um ponta pé para mostrar que a gente está com saudades e que eles já podem voltar!

14. Réveillon fora de época // Oi, sumido! – curadores

A genialidade tomou conta de quem pensou: bom, já que o ano só começa depois do carnaval, nada melhor do que comemorar com um réveillon. Pena que acabou. Agora ano novo só uma vez por ano.

15. Transforme Sorrisos // Social – voto popular

Levar para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade mais que acesso à cultura, a ONG leva sorrisos através do voluntariado e da prática de boas ações. Parece que tem ganhado vários corações e o voto popular também, sem nem precisar de superpoder pra isso.

16. Good Truck // Social – curadores

O Good Truck circula a cidade recolhendo alimentos bons (não preparados) que seriam descartados, voluntários e colaboradores preparam o alimento em uma cozinha base e as refeições são servidas, através do caminhão, ao público em necessidade. A ideia é diminuir dois problemas sociais: o descarte de alimentos bons para consumo e alimentar uma população carente com alimentos dignos e saborosos.

 

Impossível não ficar inspirado nesse começo de ano, não é mesmo? Aproveita para ler também 5 histórias de empreendedores transgressores que você precisa conhecer e Hackerativismo: como pessoas comuns estão tomando as rédeas da política.

NÃO PERCA TEMPO

Experimente a pílula de realização instantanea na Aldeia, e comece a fazer coisas fantásticas em um espaço que acredita que desenvolver talentos é o melhor jeito de fazer com que cada vez mais gente coloque ideias na rua.

Lowsumerism: o estilo de vida que vai livrar você das garras do consumismo

Conquista do primeiro milhão antes dos 30 anos, shoppings centers, logísticas de distribuição em massa, estratégias mirabolantes de marketing, hipermercados, prazer em comprar, compras por impulso. Você já parou para pensar que tudo isso é fruto de uma lógica de consumo enraizada na sociedade?

Para o bem da nossa saúde, no entanto, o estilo de vida frenético já ganhou uma alternativa conhecida como lowsumerism – algo como “baixo consumo”. A ideia agrupa atitudes e posturas que têm conquistado cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo.

Tá, mas o que é isso?

Praticar o lowsumerism é ser mais consciente e consumir menos. O movimento envolve uma junção de, pelo menos, três atitudes simples: sempre pensar antes de comprar, buscar alternativas de menor impacto para os recursos naturais – como trocar, consertar ou criar -, e viver apenas com o que é necessário. No vídeo, você consegue entender melhor esses princípios:

Como esse conceito surgiu?

Para entender o lowsumerism, vamos começar com as origens do lifestyle oposto: o consumismo. A prática surgiu no começo do século XX, alguns anos depois da revolução industrial ter ampliado a capacidade das fábricas para um nível de produção em massa. Basicamente, havia a capacidade de entregar muito mais bens de consumo do que as pessoas precisavam – sendo que elas já estavam acostumadas a ter apenas a comida, roupas e objetos necessários para sobreviver.

E, para girar a roda do capitalismo e vender todos os bens e serviços dessa produção massificada, surgiram as primeiras campanhas publicitárias. Edouard Beynards, sobrinho do Freud (sim, o psicanalista), foi considerado um dos pioneiros do marketing e da propaganda nesse período.

Beynards começou a traçar estratégias de comunicação com base nos conhecimentos do subconsciente que seu tio desenvolveu. Com isso, as grandes corporações passaram a influenciar a população para que comprassem mais itens, com uma mensagem de mudança do estilo de vida e pertencimento social.

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As pessoas passaram a depender tanto do consumo que frases como “eu valho o que eu tenho” ficaram fixas nas ruas, nas mentes e nos comportamentos: ninguém queria mais o básico, mas sim aqueles produtos que traziam algum tipo de status (fosse pela quantidade, pelo preço ou pela aparência que possuíam).

O ato de comprar passou a ser um termômetro social e mostrava o quanto de dinheiro cada pessoa tinha. E isso passou a ser o mais importante entre a população que via o “American Dream” como o plano de vida ideal. Nessa concepção, qualquer um poderia atingir o sucesso, a prosperidade e um padrão para se viver, desde que trabalhasse duro – e as pessoas realmente faziam de tudo para alcançar esse objetivo.

O fim da vida de aparências.

Mas esse consumo exacerbado, apesar de trazer muito dinheiro aos empresários, não conseguiu se sustentar plenamente. Os Estados Unidos, país que acabou popularmente conhecido como a nação do consumismo, sentiu primeiro os efeitos negativos da compra desenfreada.

O ápice aconteceu em 2008, em um episódio conhecido como “crise do subprime”. A recessão daquele ano foi o auge do desastre – ou, melhor dizendo, o fundo do poço financeiro americano – que estava tomando forma desde o século anterior, como explica o estudo “The Frugal Future”, desenvolvido pelo economista David A. Rosemberg. A pesquisa, que aborda várias causas e consequências da crise, foi desenvolvida para os clientes e investidores do banco Merrill Lynch, um dos grandes centros de investimentos do país, que criou um direcionamento em meio ao desespero.

Desencadeado pela grande concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, o colapso levou a população estadunidense a enfrentar números altíssimos de desemprego. Com isso, muitas pessoas ficaram sem suas casas, precisaram abrir mão até dos produtos mais básicos e outros países se viram apreensivos com suas respectivas economias, já que a maior potência do planeta estava em uma situação aterrorizante.

Assim, as pessoas tiveram que procurar alternativas de subsistência que não fossem tão ligadas ao dinheiro – que havia praticamente sumido do bolso da maioria. Isso representou um rompimento com as práticas consumistas e, então, surgiu a corrente do baixo consumo, cuja bandeira já era levantada pelos movimentos hippie e punk nos anos 60 e 70. Em meio ao caos, emerge uma consciência nas pessoas, que começam a se perguntar:

O que realmente é importante para mim? Ter ou ser?

Com essa questão, grupos de formadores de opinião passaram a refletir sobre o lado nocivo do frenesi que envolve o consumo. Nesse momento, surge o lowsumerism, nome dado ao movimento pela agência Box 1824, que realiza pesquisas de tendências em inovação e comportamento do consumidor.

Mas a prática ainda não é universal. Apesar da crise e dos problemas que o consumismo trouxe, as pessoas continuam a viver em um ritmo que incentiva a aquisição de produtos constantemente. Esse padrão é cada vez mais reforçado por meios de facilitação das compras – que incluem desde políticas governamentais de incentivo até o fenômeno de crescimento de e-commerces. Por isso, o lowsumerism ainda é uma corrente de vanguarda buscando seu lugar ao sol, conquistando seu espaço aos poucos.

Lowsumerism na prática.

No dia a dia, a atuação de alguns movimentos e marcas fortalecem o lowsumerism. O movimento maker, por exemplo, busca aproximar as pessoas de ferramentas e conhecimentos para que elas possam colocar sua criatividade e habilidades em prática, construindo os mais diversos tipos de objetos ou projetos.

No marketing, o foco passou a ser o consumo de produtos locais, redes de colaboração entre pequenos produtores e a economia compartilhada. A própria tendência estética minimalista, presente no design e no mundo da moda, integra a gama de movimentos diretamente envolvidos com o consumo consciente.

A causa também é urgente para o meio ambiente: somente nas últimas três décadas, um terço dos recursos naturais da Terra foram consumidos. Para reverter a situação e garantir um futuro sustentável, a transição entre o consumo e aquilo que precisamos deve se tornar real.

E como eu posso fazer parte do lowsumerism?

Para que você consiga trazer essa mentalidade para o seu cotidiano, é preciso entender qual é o verdadeiro objetivo de uma compra, se o investimento é necessário e como o produto ou serviço pode impactar a sua vida.

Veja sete perguntas que você deve fazer a si mesmo antes de comprar alguma coisa:

  1. Você realmente precisa disso?
  2. Você pode pagar por isso?
  3. Você não está querendo comprar para ser incluído ou afirmar sua personalidade? Se a resposta for sim, é melhor dar meia volta e repensar o investimento – existem outras formas de participar de grupos sociais ou mostrar quem você é.
  4. Você sabe a origem desse produto e para onde ele vai depois?
  5. Você não está sendo persuadido por propagandas e campanhas de marketing?
  6. Você acha que essa compra irá prejudicar o planeta?
  7. Quantas dessas compras você acha que o planeta consegue verdadeiramente suportar?

Com isso em mente, as suas práticas em shoppings, mercados, e-commerces e lojas vão passar a ser mais críticas, quebrando a lógica do consumo que é implantada no nosso cotidiano.

Atenção: a mudança tem que ser genuína.

Apesar do lowsumerism ser tendência, não basta segui-lo apenas como uma nova moda. É necessário ter em mente que a prática é importante para o planeta num futuro próximo, que poderá ser vivido de maneira diferente pelas pessoas que decidirem mudar seu comportamento.

Mas, para isso, é preciso abrir mão de algumas regalias a que estamos acostumamos nessa sociedade do consumo, além de entender que a prática exige mais empenho e atenção. Já parou para pensar que plantar seus próprios alimentos, por exemplo, pode ser muito mais trabalhoso do que comprar? Ou que, ainda que você compre dos produtores que não cultivam em larga escala, o custo é mais elevado? Essas e outras condições fazem parte de um grupo de mudanças que tornam o lowsumerism uma prática pela qual é preciso vestir a camisa de verdade.

E isso também vale para o universo digital: nos últimos anos, tem acontecido uma séria inversão de valores da sociedade. Se antes “ter era ser”, o que traz prestígio para as pessoas atualmente é o número de seguidores que possuem nas redes sociais. O sonho de conseguir 1 milhão antes dos 30 anos foi substituído pelo desejo de impactar 1 milhão de pessoas – e, para atingir isso, as pessoas passam a se envolver em causas, projetos e divulgações que nem sempre acreditam.

Nessa hora, devemos pensar se queremos frear o consumo para mudar realmente nossas vidas ou para que nossos seguidores nos vejam como “precursores de tendências”.

O lowsumerism será capaz de transformar para valer o estilo de vida das pessoas. Mas não se desespere: essa mudança não acontecerá de maneira abrupta: as alterações virão aos poucos, até porque não é possível praticar um rompimento completo do modo de vida atual. A transição pode não ser simples, mas é primordial que aconteça, primeiro, em sua consciência. Afinal, toda mudança precisa começar em algum lugar, não é?

Como transformei minha vida após 10 dias em silêncio

Recentemente voltei de um período de silêncio onde passei 10 dias aprendendo a técnica de Meditação Vipassana. Ela consiste em simplesmente ver as coisas como elas realmente são. É uma das mais antigas técnicas de autopurificação através da auto-observação, ensinada por S. N. Goenka, na Índia. Sidarta Gautama, chamado de Buda, experimentou várias técnicas de meditação até se deparar com Vipassana que o levou ao despertar, ao ser iluminado, ao estado de Buda.

“A solidão é necessária para estabelecer-se no Eu, mas os mestres então retornam ao mundo para servi-lo.” Autobiografia de um Yogi (Paramahansa Yogananda)

E após voltar do retiro, resolvi escrever sobre a experiência e compartilhar com vocês as 7 grandes lições que aprendi.

#1 Aprendendo a ficar em silêncio.

Ficar quieto, parado e concentrado nunca foram palavras que me caíram muito bem. Sempre gostei muito de esportes, de música, de estar em movimento. Os primeiros dias de meditação foram de total foco e concentração em minha própria respiração, meu próprio ser, em como faço tudo o que faço e como meu corpo e minha mente se comportam. Durante esse processo, enfrentei vários desafios: dores, dúvidas, infinitos pensamentos e sem falar no Spotify mental de “entra música, sai música”, uma atrás da outra, cantando e ensurdecendo minha mente.

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“Toda essa inquietação também me fez chegar a uma simples e importante conclusão: sou a minha melhor companhia”.

#2 Você não é a sua mente.

Foi aí que eu descobri que eu não era a minha mente, minhas ideias ou meus planos futuros. Sou tudo isso, um pouco de tudo e muito de cada pouco. Minha mente estava em todos os lugares, em todos os pontos de contato do meu ser com o mundo externo e, a cada respiração e em cada suspiro, podia sentir aos poucos quem eu realmente era. Toda essa inquietação também me fez chegar a uma simples e importante conclusão: sou a minha melhor companhia. Afinal, precisava estar bem comigo lá. Seriam mais 8 dias em silêncio e quanto antes entendesse que a minha presença era a única coisa que eu tinha, melhor seria a minha experiência. Assim, segui em frente.

#3 No momento presente, aqui e agora.

Então, depois de alinhar os pensamentos, as ideias e de me sentir completamente presente com meu ser, a respiração passou a ficar consciente, mais calma. Entendi melhor toda a ideia da técnica e passei a treinar com mais foco e determinação. A parti daí, comecei a sentir melhor os resultados e benefícios da técnica. Senti até uma amostra do “fluxo livre”, que é quando estamos em perfeita sintonia com nosso corpo, nossa mente e nossa alma. É assim que o fluxo energético passa por todo o corpo de maneira fluída, enquanto você apenas respira e seu “todo” transpira, transcende (ou sei lá como descrever… mas funciona).

O que me levou a me interessar por esse tipo de retiro, foi uma técnica também de focar a nossa existência no tempo presente, no aqui e no agora: a Mindfulness. E para saber mais sobre ela, você pode ir direto neste post.

“Não tinha porque sofrer por antecedência ou resolver desistir, cada momento reservava diversas surpresas e as sensações mudavam a cada instante”.

#4 De saco cheio.

Depois de insanas horas de meditação diárias e uma alimentação totalmente diferente do que estava acostumado no dia a dia (a comida lá era ótima, só algumas regrinhas de quantidade me incomodavam, rs), tudo começou a cansar, de verdade. Ainda faltavam seis dias para o retiro terminar e eu pensava que já estava bom. Mas como algo dentro de mim falava para continuar, resolvi treinar e persistir na técnica, o que foi sensacional. A partir de então, algumas novas ideias passaram a fazer sentido, como a de que tudo muda, tudo passa. Seja qual for o teu sentimento, a tua dor, a tua vontade, o teu sofrimento, a tua angústia ou o teu motivo de felicidade… vai passar! E essa experiência é na tua pele, é com você, e só você pode se conhecer. E assim foi. Não tinha porque sofrer por antecedência ou resolver desistir, cada momento reservava diversas surpresas e as sensações mudavam a cada instante, então o jeito era manter a postura, sentar-se, fechar os olhos e continuar meditando, sentindo, observando, transpirando.

#5 Descobrindo a “Anicca”.

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Uma das coisas mais legais que aprendi nesses dias foi a definição do termo “Anicca”. Ele diz respeito a constante mutação de todas as coisas que compõe o universo. Ou seja, é a Lei da Impermanência. Seja qual for o seu desejo, aversão, sensação, apego ou forma de relacionamento… o universo irá mudar. O ciclo da vida segue em frente e você precisa acompanhar o ritmo, mudando e se adaptando aos sentimentos, a própria impermanência. A nossa falsa sensação de controle e estabilidade grita alto nesse momento, sem falar em todas as nossas vontades e sonhos. É aí que começamos a compreender um pouco melhor o sentido da vida e da nossa existência…

Pausa.

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Precisei parar por um instante, levantar, ver um pouco da vida que passava lá fora, de como estava o dia e tomar uma água gelada. Não é sempre que as coisas fazem sentido de uma maneira tão pura, tão verdadeira. Nos deparar com nós mesmos, ali onde estamos. E aonde estamos? Estamos conscientes e pensantes sobre tudo, sobre cada ponto que existe e que já existiu por onde passamos. Nesse momento também comecei a ter várias ideias de tatuagens por todo o corpo… foi um dos auges do retiro, foi muito louco.

“Não precisa ter pressa para encontrar a frequência da sua vida, ela simplesmente virá, no tempo e no ritmo certo”.

#6 Tudo vira música

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Seguindo em frente pelos dias que ainda restavam, uma coisa voltou à tona: a música! Sim, a discotecagem musical, mas agora de uma forma diferente. Parecia algo sincero, natural, como se eu fizesse parte daquilo que sentia, que ouvia, cantarolava e solava interna e insanamente. Altos solos de guitarra e batucadas, shows ao vivo para multidões, saltos e pulos em cima do palco… fiz altos shows em minha mente. Mas assim cheguei a uma simples conclusão: música é aquilo que pulsa dentro de si, da sua revolta, sua opinião, suas críticas, seus sentimentos, sua ousadia, sua transparência, sua leveza e seu amor. Tudo aquilo que podemos ver, sentir, sonhar, imaginar, tudo aquilo o que é, pode ser música. Assim como o silêncio é uma forma musical, sonora. E, no tempo certo pode ser transformado na batida do seu dia, de uma lembrança da sua vida, das tuas músicas. Cheguei a pensar na ideia das “frequências mágicas” que nos envolvem e nos viciam, aquelas cantadas por multidões, tatuadas por pessoas e que enlouquecem uma galera por aí… música é frequência, é vibração, é o que nos faz sentir vivos. E não precisa ter pressa para encontrar a frequência da sua vida, ela simplesmente virá, no tempo e no ritmo certo. Pois no fim, tudo pode ser música. Me sinto música, sou músico. Voltei a respirar.

#7 De volta à “vida real”.

Algumas coisas são bem particulares, noutras é mais fácil se identificar. O fato é que mais perto do final, a experiência do Vipassana já tinha mudado minha vida. Queria sair logo, abraçar meus pais, minha namorada, meu cachorro, ver minha guitarra, minha prancha, minhas simples mais tão significativas coisas. Lembrando: sem apego e sem aversão a nada. Também queria voltar a trabalhar, mas agora com propósito, com vontade de fazer acontecer e poder fazer a diferença naquilo o que eu fizer.

“Foi muito interessante analisar a forma como interagimos mesmo sem interagir e como nos comunicamos sem ao menos trocar uma palavra ou um olhar”.

Viajar, viver, sorrir e ser feliz…

O começo não tem sido fácil e até agora posso dizer que tive algumas “provas reais” sobre como enfrentar os desafios diários, as cobranças, as decisões, as mudanças. Enfim, permaneço tranquilo, confiante e intuitivo sobre meus próximos passos. Muito grato por todos os aprendizados, por toda a experiência, e por todos os amigos que fiz nesses dias em silêncio, sem trocar nenhum gesto, nem um olhar. Foi muito interessante analisar a forma como interagimos mesmo sem interagir e como nos comunicamos sem ao menos trocar uma palavra ou um olhar. Realmente o ritmo lá é outro, mas aqui fora é vida que segue. Temos responsabilidades, família, amigos e sonhos para realizar, e acho que só tenho a agradecer por ter voltado tão sereno e tão sincero com tudo isso.

Fica aqui o meu sentimento de gratidão e o site para quem se interessar por essa técnica maravilhosa de autoconhecimento.

Espero poder retornar em breve!

Guilherme Cescatto