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Aram, a cafeteira que vendeu 253 mil reais sem ter lançado

O polímata Maycon Aram, fundador da Aram, decidiu construir a sua carreira profissional criando produtos artesanais de altíssima qualidade que promovessem uma conexão entre os produtores e os consumidores. Apesar de ter sido bastante premiado criando óculos de sol de madeira, o nicho de mercado que fez ele realmente se destacar foi criando produtos para café. Conheça essa história exclusiva que a Polímatas conta para você.

Boas histórias começam na Página 01*.

Ainda durante a faculdade de design, Maycon começou a desenvolver protótipos de novos produtos. Como tinha feito um curso técnico em mecatrônica, facilmente conseguiu um estágio na área de desenvolvimento de produtos para indústrias. Porém, depois de alguns anos nessa atividade, percebeu que ia ficar “mais ou menos aquilo pro resto da vida”. A partir de então, decidiu sair e procurar outras possibilidades de carreira.

O que começou como um desafio, de aprender a dobrar a madeira para criar óculos de sol, acabou virando seu trabalho de conclusão de curso. O que começou como hobby, acabou atraindo o interesse de amigos próximos, que sugeriam constantemente que ele criasse uma marca para comercializar o produto. A experiência profissional na indústria foi determinante para o que vinha depois. Nas palavras do próprio Maycon, a “industrialização acaba matando uma conexão maior que as pessoas tem com o produto”. Ele estava interessado em fazer alguma coisa com uma vida útil maior, de conceito diferenciado. Estudou um pouco sobre os artesãos e o trabalho artesanal e acabou decidindo em lançar a sua própria linha de óculos artesanais de madeira.

*A Polímatas acredita que toda boa história começa na Página01. Esse é o nome do nosso programa para quem acredita que, antes de empreender, precisa aprender um pouco mais sobre gestão e negócios.

Os óculos de madeira.

A proposta sempre foi fazer produtos extremamente diferenciados. Nos três primeiros anos de empresa, ele só fazia óculos sob medida. O Maycon tirava as medidas do rosto da pessoa e até mesmo desenhava um modelo de acordo com o pedido dela. Ao longo desse período, aprendeu bastante sobre ergonomia e encaixe no rosto. Era o único óculos 100% de madeira do Brasil. A criatividade e o talento do empreendedor foram reconhecidos nos três maiores prêmios de design brasileiros: Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, Salão Design e IDEA Brasil.

Devido ao alto grau de personalização, a capacidade de produção girava em torno de 3 ou 4 óculos por mês. Era muito pouco para sustentar um negócio de verdade. No começo de 2015, o modelo de negócios foi alterado e foi desenvolvida uma linha de óculos para serem vendidos em óticas de luxo. Como a produção não era mais tão customizada, agora era possível produzir de 15 a 20 óculos por mês. Mas, mesmo assim, o negócio acabou não deslanchando. O preço dos óculos – de 2,5 a 3 mil reais – é bastante alto para um país como o nosso e são pouquíssimas as óticas de luxo no país. O único caminho para viabilidade financeira era a exportação, mas para isso era necessário um capital que não existia. A decisão de desistir de um produto tão premiado era difícil, mas precisava ser tomada.

Cafeteira sem energia elétrica.

Mineiro de Juiz de Fora, Maycon havia criado uma linha de produtos para café durante a universidade. O foco era na experiência do usuário, utilizando produtos manuais, com texturas e materiais diferentes que dessem prazer não só ao saborear a bebida, mas também ao prepará-la. Logo depois que desistiu dos óculos, decidiu tentar esse novo nicho de mercado.

Assim que desenvolveu a ideia da primeira cafeteira, que era bem diferente do modelo atual, verificou que precisaria de uma quantia considerável de dinheiro para colocar o projeto de pé. Decidiu tentar levantar o capital através de financiamento coletivo. Foi atrás de um conhecido, que era dono de um respeitado café de Curitiba, para pensar nas recompensas para quem colaborasse com o projeto. A parceria foi tão boa que Juca Esmanhoto acabou se tornando sócio da empreitada.

Na primeira versão, a cafeteira ia utilizar eletricidade. Porém, ao descobrirem que isso a faria ser classificada como eletrodoméstico e precisaria de um selo do Inmetro que custa cerca de 30 mil reais por ano para poder ser comercializada, chegaram a conclusão que isso inviabilizaria o produto. Para não deixar a ideia morrer, inovaram e refizeram a cafeteira sem utilizar energia elétrica. Isso fez com que ela ficasse muito menor e pudesse ser portátil.

A campanha de financiamento coletivo.

Como eles não tinham nenhum capital para investir na criação, fizeram parceria com uma agência de design e uma produtora de vídeo de onde para desenvolvimento dos materiais de divulgação. As duas outras empresas iriam correr o risco junto com a Aram e só receberiam seus pagamentos se o projeto desse certo. Os 35 mil reais que colocaram como meta do projeto pareciam quase impossíveis de conseguir, mas era o mínimo para tirar a ideia do papel.

A campanha foi para o ar em uma segunda-feira do mês outubro de 2016, com duração de 45 dias. Os valores de contribuição eram altos, cerca de 900 reais para participar da campanha e ganhar a cafeteira. Eles não tinham muitas redes de contato, só divulgaram no Facebook e para algumas pessoas conhecidas que também trabalhavam com café. Entretanto, por alguma razão que nem mesmo os empreendedores sabem explicar, o projeto bateu a meta em apenas 36 horas. Criaram novos objetivos e a campanha vendeu cerca de 300 cafeteiras, quase 10 vezes mais do que eles esperavam originalmente. Com 253 mil reais em recursos levantados, ela também está entre as 10 maiores da história do Catarse.

Os próximos passos.

Quando criaram o projeto, acreditavam que a maior dificuldade seria a venda. No final das contas, acabou sendo a produção. Devido a um problema com os fornecedores, que ainda não estavam preparados para as necessidades da Aram, a entrega acabou atrasando. A estimativa inicial era dezembro de 2016, mas acabou ficando para abril do ano seguinte.

Depois da entrega das cafeteiras prometidas, eles pretendem começar a comercializar o produto. Respeitando o conceito diferenciado e artesanal do produto, a venda também vai ser realizada de uma forma única. Os detalhes de como isso vai acontecer ainda não foram abertos ao públicos, mas a ideia é criar uma experiência de venda que fuja um pouco da impessoalidade dos padrões convencionais. Também ao longo de 2017, devem começar o trabalho para exportar o produto. Para isso, vão utilizar o capital de um investidor que veio atrás deles porque enxergou um grande potencial no produto devido à resposta da campanha de financiamento coletivo.

Quer conhecer mais sobre os aprendizados e erros que o Maycon teve empreendendo a Aram? Venha conversar com ele e outros 5 empreendedores de sucesso no Epistemia. Lá, você terá a oportunidade de fazer perguntas sobre empreendedorismo que sempre quis fazer para fundadores de empresas responderem com o que aprenderam fazendo acontecer.

Diário de uma empreendedora novata: 3 lições importantes (parte 2/4)

Oi! Eu sou a Alessandra. Semana passada comecei a narrar aqui as alegrias, angústias, dores e conquistas da vida de autônoma, na qual embarquei há pouco tempo depois de me demitir do meu emprego. A primeira parte desse diário está aqui. Hoje, antes de continuar, preciso agradecer. Não imaginava uma repercussão tão positiva desse relato sobre essa nova fase da minha vida. Fiquei muito feliz com todos os comentários e ainda mais animada para continuar a compartilhar essas novas experiências. Vamos lá:

As conexões não param de acontecer

Não sei o que acontece aqui na Aldeia, mas as pessoas são muito abertas pra compartilhar ideias e encontrar soluções. Bem diferente de uma corporação, empresa, seja lá o que for, que tem um modelo mais tradicional e linear, onde dar sua opinião pode até botar em risco seu cargo. Toda hora eu conheço alguém diferente e de alguma forma mágica, nossos negócios se complementam. De uma simples conversa informal na cozinha, consigo indicações maravilhosas e já marco reuniões, uma atrás da outra.

Semana 2

Essa semana eu visitei um possível cliente muito bacana, me deixou bastante animada com a proposta de trabalho e até o final da semana fiquei de mandar um orçamento (agora com segurança!). Esse trabalho vai exigir muitas parcerias com outros profissionais, como alguém pra desenvolver site, outro pra mexer nas estratégias de Google Adwords, um designer e por aí vai.

“Se você é assim como eu, que trabalha sozinho, é importante formar parcerias sólidas e de confiança que vão ajudar você com áreas que você não é especialista”.

Esse é um formato de trabalho que acabei adotando aqui na Aldeia e que gosto muito de comentar. Se você é assim como eu, que trabalha sozinho, é importante formar parcerias sólidas e de confiança que vão ajudar você com áreas que você não é especialista. O legal é que você entrega coisas muito preciosas pro seu cliente:

  • Ele ganha especialistas em frentes de trabalho diferentes, o que quer dizer mais foco e consequentemente, mais resultados;
  • O projeto dele fica completinho e ele não precisa correr atrás de mais nada ou de ninguém, tudo que ele precisa está bem ali;
  • O processo é construído por várias mãos (inclusive as do cliente), tornando a experiência muito mais rica e inteligente.

E as vantagens pra você como profissional:

  • Você faz contato com mais gente e cria uma rede de apoio pra trocar ideias e conhecimento o tempo todo;
  • Você não fica sobrecarregado e pode focar naquilo em que você é realmente bom;
  • Você vai ter parceiros confiáveis, fiéis e em sintonia com o seu trabalho;
  • O ciclo é infinito: você pode indicar seu parceiro pra outros projetos que você não pode pegar por exemplo, e ele com certeza vai te indicar pra outras coisas também.

Coisas incríveis acontecem o tempo todo

Nessa pegada de sempre conhecer pessoas novas, seu lado social vai despertando de formas que você nunca havia experimentado antes e você fica realmente muito bom nisso. As conversas fluem mais fácil, você perde a insegurança pra falar do seu negócio e os caminhos se abrem o tempo todo. Acontecem coisas que você nem imaginaria, e aí que eu comecei a me ligar que aquele pedido de demissão não foi só isso, representou uma abertura de caminhos fenomenal!

Um exemplo disso é eu ter conhecido o fotógrafo que mais admiro aqui em Curitiba. Acompanho o trabalho desse cara desde o começo e sentia uma good vibe vindo dali. Assim que eu fiz esse movimento de me assumir como empreendedora, acredita que ele me procurou nas redes sociais? A gente trocou altas ideias sobre empreendedorismo, cultura, arte, vida e a corrente fluiu super bem. Essa é uma amizade que com certeza quero manter por perto!

Tome consciência dos seus pensamentos

Eu sou meio viciada em livros de autoajuda, adoro ler esse tipo de coisa e entender como a nossa mente funciona. Isso me ajuda a me conhecer cada vez mais. O ponto que quero chegar é que esses livros abordam coisas que não são palpáveis, são coisas que precisam ser sentidas e vividas pra entender. Na teoria parece lindo, mas a gente fica na dúvida se na prática funciona de verdade. Tipo esse movimento do pensamento positivo, conhece? Vários abordam isso e ensinam basicamente o seguinte (pelo menos foi a minha interpretação sobre, ok?):

  • Aprenda a identificar seus pensamentos e sentimentos e dar nome a eles. Assim eles ficam concretos e menos assustadores, porque sabemos o que eles são e do que se trata. Se você está apreensivo pra falar com alguém, sentindo um nó na garganta e os ombros tensos, você pode estar sentindo medo. Chame ele de medo pra você ver, parece que ele fica pequeno e você consegue pensar “ah era isso!”.
  • Com o pensamento ou sentimento identificado, é hora de mudar a direção dele! Se é o medo que está incomodando, tente pensar de uma forma racional da onde vem esse medo. Tem muitas coisas que a gente sente e que nem sabemos porque sentimos, parece que se for analisar bem não faz sentido se sentir assim. Isso vem de coisas que acontecem desde a nossa infância, as crenças que nossos pais nos contaram, a educação que a gente recebe dos nossos professores na escola, as influências dos nossos colegas. É isso que faz a gente sentir, pensar e agir de uma maneira e não de outra, é como se fosse uma programação. Mas ela pode ser mudada!
  • Sabendo o que é e da onde vem, a gente consegue mudar a direção disso e ter mais controle da nossa própria vida, tomando decisões e agindo de uma forma que a gente gostaria mais, algo que tem mais a ver com a gente hoje, sabe? Transforme algo negativo em algo positivo e veja os resultados disso.

“Todas as coisas boas que acontecem comigo vieram porque eu trabalhei isso dentro de mim, conheci todos os meus lados (e ainda virão outros que ainda são desconhecidos) e agora consigo estar mais aberta pra vida”.

Eu vivo o resultado disso todos os dias. Todas as coisas boas que acontecem comigo vieram porque eu trabalhei isso dentro de mim, conheci todos os meus lados (e ainda virão outros que ainda são desconhecidos) e agora consigo estar mais aberta pra vida. E ela tem me trazido um presente lindo por dia!

O ambiente influencia em tudo

Outra coisa que me ajudou muito a dar espaço pra que coisas mágicas acontecessem foi mudar de ambiente. Esse eu diria que foi o principal fator pra mim!

Na agência o ambiente não era nada motivador, existia concorrência entre meus colegas, um desânimo em criar coisas legais, dava pra sentir a frustração de vários clientes e eu sentia uma agonia por não conseguir ajudar mais. Aquele ambiente poderia não ter nada de errado pra outras pessoas, mas pra mim não fazia mais sentido estar ali, porque não combinava mais comigo. Eu precisava sair dali!

Hoje estou num ambiente que me deixa à vontade, consigo ser eu mesma 100% do tempo, sou estimulada, motivada, tenho troca de conhecimento com muita gente de diversas formas, minha criatividade aumentou muito, meus interesses mudaram, meu olhar sobre as coisas é diferente, me tornei extremamente colaborativa e sei que minha opinião aqui importa, ou melhor, as pessoas querem e gostam de ouvir minha opinião.

Se antes eu queria muito sair da onde eu estava, agora não tenho nem mais vontade de voltar pra casa. Acho até que o coworking poderia virar um hotel!


Continua na próxima semana.

 

 

Diretor de marketing da RPC fala sobre os desafios de sua carreira

O Marcos Franco, diretor de marketing da RPC, é um dos convidados do Epistemia. A Polímatas conversou com ele pra conhecer um pouco mais dos desafios de ser diretor de marketing de grandes empresas, primeiro de um negócio de ensino a distância, depois na RPC, a afiliada da Rede Globo no estado do Paraná. Leia nosso texto abaixo e veja como ele precisou moldar as estratégias das corporações em que trabalhou para se adaptar às mudanças que o mercado e tecnologia trouxeram.

Primeira experiência como diretor de marketing.

Depois de uma carreira de mais de 20 anos, a primeira experiência de Marcos como executivo de marketing de uma grande corporação foi em uma empresa de educação a distância em 2006. O negócio se assemelhava muito a uma startup, nasceu por uma oportunidade de mercado de grande potencial e cresceu de forma exponencial. O Brasil tinha muitos professores sem curso superior, mas que precisavam se graduar para atender novas exigências do governo. Não havia capacidade de absorver todos alunos na rede presencial de ensino, então criaram-se as graduações a distância. A empresa chegou a ser a maior instituição de ensino da América Latina, com mais de 120 mil alunos.

Como diretor de marketing, o Marcos precisava se preocupar com duas coisas. A primeira delas era o relacionamento com os associados, os polos de educação a distância. Foram formadas parcerias em mais de 1500 localidades, chegando até a presídios e tribos indígenas. Como os custos de transmissão eram praticamente os mesmos, quanto mais locais houvessem turmas, maior a rentabilidade do negócio. A outra, muito mais complicada, era mostrar que a educação à distância poderia ser uma opção também para jovens. Nas palavras do próprio Marcos:

Havia um público de pessoas com mais de 35 anos que não tinha curso superior e precisava por causa do trabalho. Esse era o filé mignon do mercado, mas era um grupo finito, ia acabar. Era necessário pensar na nova geração também, desmistificar essa nova forma de ensino.

Se hoje ainda existe um certo preconceito em relação à graduações não-presenciais, há 10 anos isso era muito pior. Uma das estratégias que o Marcos criou para se relacionar com esse novo público foi divulgar sua marca na MTV, que na época era o canal mais visto por jovens de todo o Brasil.

Naquela época, os sistemas ainda eram muito diferentes dos utilizados hoje em dia. As aulas eram transmitidas por satélite. A internet, ainda lenta e restrita, era utilizada somente para algumas atividades de secretaria. Mas os avanços da tecnologia causavam muitas dificuldades. Na parte técnica, quando a empresa conseguia desenvolver uma transmissão estável, o equipamento já estava obsoleto e precisava ser trocado por novas alternativas de mercado. Já na parte gerencial, os problemas eram outros. Ninguém sabia lidar com a interatividade, com alunos reclamando de professores em grupos de discussão. O que deveria ser feito? Aquele tipo de comentário deveria ser deletado? Já os ‘xerox da faculdade’, como poderiam ser distribuídos pela internet? Naquela época ninguém sabia a resposta. Quando a conversa chegou nesse momento, o executivo de marketing compartilhou um grande ensinamento:

O mundo digital é diferente do presencial, a transição de um para outro é complexa. Sempre falo que não adianta colocar chip em máquina de escrever. Não havia conhecimento na época, tudo foi aprendido de forma empírica. Era preciso fazer, testar pra ver o que dava certo.

 

A mudança para a TV.

No ano de 2008, Marcos Francos acabou indo trabalhar na RPC, a afiliada da Rede Globo no estado do Paraná. Naquela época, as coisas eram um pouco diferentes. Ele, que na época era responsável tanto por telespectadores como venda de anúncios, tinha preocupações muito diferentes das que ele tem hoje. “A parte comercial era praticamente esperar o telefone tocar.” lembra Marcos. Porém, com o passar do tempo, as coisas foram ficando mais complexas. Os hábitos dos telespectadores foram mudando e as exigências dos anunciantes aumentando.

Antes as chamadas da TV e a grade de programação eram feitas praticamente sem nenhum estudo de impacto, não havia concorrentes e ligar na Globo era praticamente automático. Hoje não é mais assim. Os hábitos de consumo mudaram e o público não aceita mais um relacionamento unilateral. Isso leva o departamento de marketing da RPC a gastar mais de 6 milhões de reais por ano em pesquisas junto à população paranaense para entender quais são os conteúdos que deve oferecer aos seus telespectadores.

Também os clientes, as grandes empresas que anunciam nos intervalos comerciais, começaram a requerer um outro nível de serviço prestado. Se antes o relatório de impacto de uma campanha poderia demorar semanas para chegar até as mãos do anunciante, hoje ele não pode esperar esse tempo todo. Na era da internet, o mundo corporativo consome informações em tempo real. Isso é uma dificuldade para a TV, porque, por lei, seus dados precisam ser aferidos por uma empresa de pesquisa independente e ainda precisam ser auditados antes de serem entregues ao cliente. Mas se o mercado quer, o negócio precisa se adaptar. Foi isso que a área do Marcos fez, inovando e cortando processos, conseguiram reduzir esse tempo para horas.

Por fim, mas não menos importante, existe a concorrência da internet. Diferentemente do que muita gente pensa, a maior ameaça não é de serviços de streaming de vídeo. A capilaridade desses ainda é praticamente irrelevante perto da TV aberta, ficando abaixo de canais de pouquíssima expressão. A principal dificuldade é com a facilidade para repassar a informação hoje em dia. Sem dúvida, isso traz enorme benefícios para a população. Mas somente se essas notícias forem verdadeiras. Existe um outro lado dessa moeda, que é quando se inventam reportagens com base em dados falsos. Um exemplo é o fenômeno das “fake news” que ganharam a atenção do mundo durante as eleições norte-americanas. Pesquisas mostram que essa guerra de informações gera descrédito na mídia como um todo.

Os impactos da internet na TV.

Contrariando o senso comum, de que são concorrentes mortais, a internet é vista com outros olhos, dentro da RPC. Marcos afirma que “toda ameaça é uma oportunidade se você sabe lidar com ela”. O começo foi difícil para todo o mercado. O New York Times chegou a tirar sua página do Facebook porque não acreditava que um algoritmo poderia escolher o que seus leitores deveriam ou não ler. Como toda nova tecnologia, existe uma curva de aprendizado para os envolvidos. Nesse momento, aquelas habilidades que ele desenvolveu como diretor de marketing de educação à distância foram novamente necessárias.

Não existia conhecimento sobre como as mídias tradicionais deveriam trabalhar as novas mídias digitais. Como quarto mercado de comunicação do mundo, perdendo apenas para EUA, Japão e China, empresas brasileiras também não têm como procurar inspiração fora. Os países que são maiores do que nós tem a população com cultura e poder aquisitivo muito diferente dos nossos. Isso quer dizer que nós não temos de quem fazer benchmark. O Brasil está na vanguarda da comunicação global, nós lançamos tendências e somos nós a fonte de inspiração para vários outros mercados consumidores mundo a fora.

Na prática, isso significa que tudo precisava ser descoberto de forma empírica. Era preciso testar, continuar fazendo o que funcionava e melhorar ou parar de fazer o que não tinha resultado. Uma das maiores dificuldades era entender a nova necessidade de interação por parte do consumidor. Depois que aprendeu a comentar, a ser ouvido nas redes sociais, ele começou a exigir isso em outras esferas também. Antes as interações TV e audiência eram bastante pontuais, em programas específicos que tinham esse objetivo. Mas precisava ser desenvolvido um novo canal de comunicação, onde os telespectadores pudessem participar de forma mais ativa da programação. Envio de fotos, vídeos e até mesmo colocar ao vivo mensagens postadas em redes sociais como o Twitter virou regra.

Um caso citado pelo diretor de marketing da RPC foi o de um personagem da novela Rock Story que era cantor. Ele já existia no YouTube antes de existir na novela. Já tinha seguidores, o público já ouvia suas músicas e já interagia com o personagem sem nunca ter visto ele na TV. Isso gera um novo tipo de engajamento com o telespectador, um laço mais emocional, uma conexão maior, que auxilia na fidelização do público que consome teledramaturgia.

Já quando olhamos para a parte de mercado, dos anunciantes, a comparação entre os meios de comunicação como competidores também não é totalmente correta. Eles são complementares. O diretor de marketing explica:

As novas mídias não estão dividindo a pizza. Estão aumentando a pizza.

No Facebook e no Google é possível fazer campanhas com centenas de reais, o que é impossível para a TV oferecer. Já a capilaridade dos canais de televisão ainda é imbatível. Como prova, Marcos cita que na Inglaterra, os maiores anunciantes da TV aberta foram os dois gigantes do mundo digital, o Google e o Facebook.

Quer conhecer mais sobre os aprendizados e erros que o Marcos Franco teve ao longo da sua carreira como executivo de marketing? Venha conversar com ele e outros 5 profissionais de sucesso no Epistemia. Lá, você terá a oportunidade de fazer perguntas sobre gestão e negócios que sempre quis fazer para executivos e empreendedores responderem com o que aprenderam fazendo acontecer.

Conhecer o evento

Negócio que acelera canais no YouTube. Já ouviu falar na Coletive?

Três jovens empreendedores decidiram criar uma empresa em cima da premissa que YouTubers que tinham milhões fãs poderiam ganhar muito dinheiro através de lojas on-line. Na prática, as coisas não foram bem assim. Quando viram que o modelo não tinha muito potencial de crescimento, decidiram focar seus esforços na assessoria de produção de conteúdo para YouTubers. A Polímatas conversou a com polímata Lila Beirith, uma das fundadoras do negócio e uma das convidadas do Epistemia do dia 26 de abril, para saber como foi a história de criação da Coletive, a primeira uma aceleradora de canais no YouTube do país.

Formada e pós-graduada em Farmácia, a Lila passou em um concurso público da prefeitura de Curitiba ainda jovem. Como trabalhava na sua área de formação e tinha estabilidade no emprego, nos primeiros anos parecia que estava no caminho da felicidade. Entretanto, quando ela foi realocada para trabalhar em um hospital municipal, algumas coisas que a incomodavam começaram a se amplificar.

O ambiente hospitalar exigia funções manuais e repetitivas. A mistura de serviço público e procedimentos operacionais da área da saúde impediam qualquer iniciativa inovadora ou criativa. O excesso de rotina começou a ficar estressante e causar infelicidade. O salário garantido no final do mês ajudou a aguentar algum tempo a mais no emprego, mas a Lila precisava encontrar alguma outra coisa para fazer da vida onde pudesse exercer a sua criatividade de forma mais livre.

No carnaval de 2015, ela viajou com um amigo, o Ricardo Almeida, que ajudava na produção dos vídeos de uma das maiores YouTubers do Brasil. Assim que ele mencionou um projeto de e-commerce para vender produtos dessa influenciadora digital, a afinidade foi instantânea. No mês seguinte Lila saiu do trabalho e já em abril daquele ano, junto com o amigo que apresentou o projeto e um outro sócio (Leandro Kadanus), começaram a colocar o projeto em pé. Uma quarta sócia, Virgínia Crema, entraria para a empreitada alguns meses depois. A loja foi para o ar em agosto daquele ano.

*A Polímatas acredita que toda boa história começa na Página01. Esse é o nome do nosso programa para quem acredita que, antes de empreender, precisa aprender um pouco mais sobre gestão e negócios.

Um e-commerce para YouTubers.

A ideia inicial da Coletive era montar e-commerces para monetizar a audiência de YouTubers famosos. Com os lucros dessa atividade, eles iriam investir na melhoria do conteúdo gerado pelo canal que, por consequência, iria gerar mais audiência e mais vendas de produtos. Na teoria, era um ciclo perfeito. Não havia como dar errado.

Mas, no mundo dos negócios, quase sempre a prática é bem diferente da teoria. Esse caso não foi diferente. O negócio chegou a atender três YouTubers diferentes. As vendas não eram ruins, mas também não chegavam nem perto do esperado para famosos da internet que chegavam a ter milhões de fãs. Mais ou menos na época que decidiram que aquele negócio não tinha muito futuro, a maior parceria deles pediu a rescisão do contrato. Em três meses queimaram o estoque de produtos e colocaram a Coletive em uma nova direção.

Desde que abriram a empresa, existia um braço de produção de conteúdo para YouTube. Apesar de ser tratado como uma atividade paralela, ele foi se desenvolvendo de forma constante ao longo do tempo. Enxergaram que esse produto tinha maior potencial de longo prazo e focaram todas as energias nele. A Coletive, uma empresa de monetização de YouTubers que também produzia vídeos, passou a ser uma empresa de produção de conteúdo para YouTube que também ajudava a monetizar alguns dos seus clientes.

O modelo que deu certo.

Como grande parte da equipe trabalhava com atividades de e-commerce, todos precisaram se reinventar para que o negócio continuasse vivo. A própria Lila, largou sua função desenvolvendo produtos para as lojas virtuais, e foi estudar produção de conteúdo para marcas e influenciadores digitais.

No mesmo mês que rescindiram o contrato dos e-commerces, tiveram a sorte de fechar suas duas primeiras clientes para produção de vídeos para o YouTube a ex-BBB Clara Aguiar e Rafa Gomes, finalista do The Voice Kids. Desenvolveram novos produtos para conseguir atender clientes de diferentes perfis. Hoje eles fazem consultorias pontuais, tem um plano de produção de conteúdo e um plano “starter” para novos YouTubers que ainda não conseguem investir muitos recursos nos seus canais.

Quando começaram com essa atividade de gestão de canais de YouTube, eles eram um dos únicos no Brasil e fizeram um ótimo trabalho de Relações Públicas. Acabaram saindo nos principais jornais do país, o que levou a marca a ficar conhecida. Até hoje, a maioria dos clientes vem de forma passiva atrás dos serviços da empresa. Uma das principais prioridades hoje é conseguir prospectar novos clientes e realizar vendas ativas.

Metodologia de trabalho.

O trabalho que a Coletive presta junto ao seus clientes é de uma assessoria completa. Primeiro eles fazem um mapeamento de quais as dores, as dificuldades que os influenciadores digitais têm na hora de produzir conteúdo. Isso pode variar desde coisas mais simples como organização de agenda até questões mais técnicas, como edição das gravações. Também é realizado um trabalho de identificação de quem é o público-alvo que consumiria aquele conteúdo, para desenvolver melhor o formato dos vídeos e criar estratégias de divulgação.

A partir desse planejamento, o próximo passo é ajuda seus consumidores a gerenciar os seus canais do YouTube como uma empresa. Planejam atividades, cobram responsabilidades, testam hipóteses, fazem revisões de rumo. Ou seja, uma assessoria completa. Assim que o canal começa a ganhar relevância, eles também listam empresas interessadas e vão atrás de patrocínio através de merchandising.

Metodologia de trabalho.

Quer conhecer mais sobre os aprendizados e erros que a Lila Beirith teve empreendendo a Coletive? Venha conversar com ela e empreendedores como o Leonardo Jianoti (fundador da Curitiba Angels), Marcos Francos (diretor de marketing da RPC), Maycon Aram (criador de uma das 10 maiores campanhas da história do Catarse) e outros no Epistemia. Lá, você terá a oportunidade de fazer perguntas que sempre quis fazer sobre gestão e negócios para fundadores de empresas responderem com o que aprenderam fazendo acontecer na prática.

Diário de uma empreendedora novata: a vida pós demissão (parte 1/4)

Oi! Meu nome é Alessandra Boldrini. Sou formada em marketing e atuei boa parte da minha carreira em agências digitais. Nos últimos 5 meses eu vinha sentindo uma inquietação muito grande em relação à minha vida e principalmente em relação ao meu trabalho.

Há poucas semanas, larguei um emprego que não fazia mais sentido pra mim e escolhi seguir o caminho da vida autônoma. Vim para a Aldeia e abri minha empresa há um mês, com foco em trazer soluções para meus clientes nas áreas de mídias sociais e estratégias digitais, produzindo conteúdo e prestando consultorias.

Como sei que tem muita gente por aí com essa “coceirinha” também, comecei a escrever esse diário (que é um “semanário”, na verdade). Nele, estou relatando as alegrias, dores, angústias e conquistas de uma empreendedora novata na esperança de que possa ajudar e encorajar quem está passando pelo que passei e inspirar vocês a colocar as ideias na realidade também. Espero que gostem!

E a ficha caiu…

Dois dias depois que pedi demissão da agência, a Aldeia fez um happy hour para todo mundo compartilhar suas conquistas de fevereiro. Fizemos uma roda bem no meio da Aldeia e aos poucos cada um foi contando suas vitórias do mês. Quando chegou minha vez, comecei com a frase “Pedi demissão da empresa que eu trabalhava” e a galera toda gritou, aplaudiu, ganhei parabéns de todo mundo, foi demais!

 

Era a primeira vez que eu dizia aquilo em voz alta. Naquele momento todas as fichas caíram de uma vez só e eu pensei “isso está realmente acontecendo comigo”. A única coisa que eu conseguia fazer era sorrir.

Semana 01

Primeiro dia trabalhando pra minha empresa, uau! Eu ainda tive que cumprir horário de manhã na agência, meu coração quase não aguentava de tanta ansiedade, queria chegar logo na Aldeia, sentar com a galera e começar a botar a mão na massa! Saí direto da agência e fui pro coworking. Fui recebida com abraços, parabéns e até ganhei um “que orgulho”. Esse acolhimento é realmente fantástico e me manteve segura que eu tinha tomado a melhor decisão da minha vida.

Como começar a empreender

Várias pessoas vieram me chamar pra gente conversar e tomar um café. Conversamos sobre o que eu mais gosto de fazer, sobre o que eu quero fazer agora, e eles foram me dando várias dicas muito práticas pra começar minha vida de empreendedora. A dica que mais guardo foi “espalhe a notícia pra sua comunidade de amigos”.

Isso não parava de martelar minha cabeça. Antes de dormir, peguei o celular e escrevi um post no Facebook e no Instagram contando como foi meu primeiro dia como empreendedora. Agradeci a ajuda de todos até aquele momento e contei com o que estava trabalhando. Uma galera veio falar comigo, gente que eu não falava fazia muito tempo veio me procurar! Ali começava uma pequena fagulha e eu não tinha ideia que em breve ia se transformar numa fogueira.

Novos desafios

Um antigo contato, um cliente querido que eu atendia lá no início da minha história na agência, veio me procurar. Ele ficou curioso e queria saber o que eu estava aprontando! Contei toda a história pra ele num almoço e ele na hora perguntou “quero fazer uma consultoria com você. Topa?”. Topei na hora!

O desafio que ele me propôs foi novidade pra mim, eu nunca tinha ensinado ninguém sobre marketing digital (com exceção dos meus estagiários), mas sempre tive muito interesse em fazer isso. Além dele ter me ajudado a dar esse ponta-pé inicial, trouxe uma ideia valiosa que eu poderia replicar pro meu negócio. Eu agora poderia ser consultora e ajudar as empresas com os conhecimentos que adquiri até agora.

Aí surgiu a parte difícil: como vou fazer um orçamento disso? Bateu uma insegurança bem chata, será que ia saber cobrar? E será que seria um preço justo tanto pra mim, quanto pro cliente?

Decidi mandar esses medos todos passearem. Fui atrás das pessoas e tratei de fazer conexões! Conversei com uma pessoa que já tinha essa experiência em dar aula (e o melhor, na minha área) e a gente desenhou formatos muitos legais juntas. Adotei ela como minha mentora desse processo e ela vem me ajudando a entender várias questões.

Conselho de empreendedora: tenha um mentor

Aliás, tenha vários mentores, quantos puder ter e em diferentes áreas, principalmente naquelas que você não domina ainda. Eles já trilharam o caminho que você quer trilhar e sabem como e quando você tem que desviar de um obstáculo, encurtando seu tempo para atingir seus objetivos!

Eu estava muito segura com as orientações da minha mentora, mas ainda faltava o orçamento e esse era o tipo de coisa que não adiantava mais procrastinar. Uma hora eu precisaria sentar, rever todos os meus orçamentos e parar de ter medo toda vez que eu enviasse um por e-mail.

Foi quando conheci dois meninos que têm uma empresa de gestão de marcas. A nossa sintonia foi incrível no primeiro segundo de conversa! Falamos sobre nossos negócios, propósitos, paixões, medos, angústias e trocamos muito conhecimento. Mal eu sabia (de novo) que eu estava fazendo uma das melhores parcerias da vida! Um dos meninos (outro grande mentor) me apresentou uma planilha financeira super completa e me ensinou a mexer nela, assim eu poderia adaptar pro meu negócio e minhas atividades.

Fiquei pelo menos uns 4 dias direto em cima dela, analisando cada número, cada serviço que eu iria prestar, quantas horas eu iria levar pra desenvolver cada um, e mais um monte de outros detalhes. No final dessa maratona, eu estava esgotada. Sonhei com números e porcentagens, não aguentava mais ver número na minha frente, eu queria ver letras, imagens e gifs de gatinhos fofos (eu fiquei todos esses dias sem abrir meu Facebook, o que foi bem importante e fica como mais uma dica aí pra você).

Gratidão

No final da semana eu abri minha planilha, montei meu orçamento pro projeto de consultoria e tive certeza que aqueles valores estavam perfeitos assim. Criei uma proposta e mandei pro cliente, cheia de confiança. Lembro que ainda escrevi no e-mail “quando se sentir pronto, me procure pra conversarmos”. Não deu nem meia hora e ele me ligou dizendo “estou pronto pra falar com você. Vamos contratar a consultoria”. Desliguei o telefone e fui correndo procurar um cantinho silencioso, só pra agradecer ao universo por ter me ajudado nessa!

 


Continua na próxima semana!

Conheça a AdoroViajar, o marketplace de experiências turísticas

Uma empresa que iniciou como uma agência de turismo na internet mas acabou virando uma empresa de tecnologia no turismo. Esta é a trajetória da AdoroViajar, que hoje é um marketplace de experiências locais com guias independentes. A Polímatas conversou com o polímata Lucas Koch, um dos fundadores do empreendimento, para contar essa história em detalhes.

Boas histórias começam na Página01*.

Depois de cursar dois anos de medicina, Lucas Koch decidiu fazer uma mudança drástica na sua vida. Descobriu que queria ser um empreendedor nas áreas de marketing e tecnologia e, para se preparar para o objetivo, foi estudar administração. Conseguiu um emprego em uma empresa de software e guardou dinheiro para ir estudar Negócios Digitais no maior polo de startups do mundo, a Califórnia.

Logo que voltou de viagem, foi convidado para o seu primeiro empreendimento. Uma produtora de software com o conceito de Company Builder – uma empresa que constrói outras empresas. “É diferente de uma lançadora de startups porque nós ficávamos com uma participação societária na empresa e é diferente de uma aceleradora porque, além de colocar um pouco de dinheiro, nós também fornecíamos mão de obra”, explica Lucas. Apesar do conceito interessante, uma das maiores dificuldades do negócio era ter que lidar com várias frentes de trabalho muito diferente uma das outras. No final de 2014, uma empresa de software acabou comprando o empreendimento para que ele se tornasse o seu departamento de inovação.

No mesmo mês, o Lucas acabou se juntando com seus dois sócios atuais, o Guilherme e o Thiago, para conversar sobre uma ideia de vender viagens em grupo pela internet. O assunto prosperou e eles decidiram abrir a AdoroViajar em dezembro de 2014.

*A Polímatas acredita que toda boa história começa na Página01. Esse é o nome do nosso programa para quem acredita que, antes de empreender, precisa aprender um pouco mais sobre gestão e negócios.

Tendo um bom produto, o resto é consequência.

Enquanto muitos empreendedores pensam em ir atrás de investimento para viabilizar a ideia, Lucas afirma:

Não adianta caçar borboleta. Cuide do teu jardim que as borboletas virão. Trabalhe, faça um bom produto, que o investimento vem.

Os três empreendedores focaram todos seus esforços em construir um protótipo de plataforma para a AdoroViajar. Foi para o ar um site cheio de erros, que tinha poucas páginas. Os consumidores não conseguiam fazer nenhum tipo de compra, só deixar seu interesse que a equipe entrasse em contato depois. A experiência do usuário ainda estava longe do que eles envisionavam, mas tinha alguma coisa funcionando para provar a capacidade de que o trio conseguia tirar as ideias do papel.

Nesse momento, os investidores surgiram de forma natural. Depois de conhecerem o negócio em conversas informais e visualizarem o plano que os empreendedores tinham para o site, decidiram aportar o capital necessária para transformar o sonho em realidade. A captação envolveu 3 pessoas diferentes e injetou 450 mil reais no negócio.

Uma agência de turismo na internet.

Assim que eles receberam o investimento, decidiram tirar o site do ar para focar somente na execução da nova plataforma. O primeiro semestre de 2016 foi dedicado quase que exclusivamente para isso. Foram contratados três desenvolvedores de software e o Lucas Koch se mudou de Porto Alegre para Curitiba, onde ficava a sede da empresa. Outro grande esforço foi fechar parcerias com grandes operadoras de turismo para distribuir pacotes de viagem na internet e permitir que viajantes formassem grupos de viagem dentro da plataforma.

Porém, passados alguns meses percebeu-se que os processos de integração desses parceiros comerciais, essenciais para o AdoroViajar, foram criados para atender a necessidade de pequenas agências de turismo offline que ainda não estão adaptadas ao meio digital. Isso impediu a execução do objetivo de automatização e redução de custos. Mas mesmo assim eles seguiram com a ideia adiante. Para o usuário, a plataforma parecia toda digital e automatizada. Por trás dos panos, eles enviavam manualmente as informações para que as operadoras processassem os pedidos e os pagamentos. A AdoroViajar funcionou nesse modelo de julho a dezembro de 2016, chegando a faturar perto de um milhão de reais. Mas ainda não era bem isso o que os empreendedores queriam.

Uma empresa de tecnologia no turismo.

Em dezembro de 2016, eles decidiram pivotar o modelo de negócios. Abandonaram as parcerias com as operadoras de turismo e começaram a desenvolver um marketplace de experiências locais, com guias e anfitriões independentes. O novo site permite a qualquer pessoa, tornar-se um anfitrião e oferecer uma experiência, seja um jantar em sua casa, um tour pelos bares de sua própria cidade ou até mesmo uma aula de surf.

Como o faturamento iria cair por causa das novas prioridades do negócio, foi necessário ir atrás de um novo aporte de capital para conseguir implementar a mudança de estratégia. Dessa vez, a empresa foi avaliada em 5 milhões de reais pelo novos investidores. Os processos internos agora estão sendo todos reestruturados. Nesse novo modelo, a AdoroViajar controla quase toda a jornada de consumo do usuário, desde a apresentação das atividades no site até a avaliação do serviço prestado.

O desafio agora é captar e educar anfitriões que queiram ofertar experiências para a plataforma. Como ainda é um produto novo, eles precisam entender quais são as dificuldades deste público para ajuda-lo a oferecer uma boa experiência, em menos de 30 dias, o site ja recebeu quase 100 pessoas interessadas. Nesse primeiro momento, o foco vai estar voltado para a gestão dessa comunidade. Por isso, o serviço vai ser restrito a apenas quatro cidades do país. Na sequência, quando criarem uma base sólida de anfitriões e tração nessas primeiras localidades, vão expandir o serviço para todo o Brasil.

Quer conhecer mais sobre os aprendizados e erros que o Lucas Koch teve empreendendo no AdoroViajar? Venha conversar com ele e outros 5 empreendedores de sucesso no Epistemia. Lá, você terá a oportunidade de fazer perguntas sobre empreendedorismo que sempre quis fazer para fundadores de empresas responderem com o que aprenderam fazendo acontecer.

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