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Como aplicar inovação na prática

Antes de pensar em como aplicar inovação na prática, vamos praticar o desapego: junte tudo aquilo que você conhece e que possa ser considerado preconceito e jogue no lixo. Esteja totalmente aberto a novas experiências e considere sempre ver a vida com olhares curiosos, não de julgamento.

Feito isso, vamos começar a entender o porquê você precisa conhecer essa nova realidade e, sobretudo, separar aquilo que é verdadeiramente inovação daquilo que simplesmente gostaria de ser inovador.

“Todas as formas de sobrevivência aprendidas até agora não funcionam mais, mas as novas formas que estão substituindo as antigas ainda estão engatinhando”.

Como já havia previsto Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, estamos vivendo em tempos líquidos em que nada foi feito para durar. “Todas as formas de sobrevivência aprendidas até agora não funcionam mais, mas as novas formas que estão substituindo as antigas ainda estão engatinhando”. Para aprofundar mais, vale a pena assistir esta entrevista de Bauman:

E não é que ele tinha razão? Está aí a internet e seus aplicativos cheios de atualizações recorrentes que não nos deixam mentir. Por isso, cada vez mais precisamos estar preparados para uma nova (e mutante) realidade em que o mais importante mesmo é um produto ou serviço verdadeiramente diferentes, que melhorem a nossa experiência de consumo (seja qual for ela), nos faz sentir melhor por causa disso e atende ao nosso propósito de vida. Ou seja, chega de mais do mesmo. . Mas, para começar a pensar fora da caixa a caminho da inovação, apresento a vocês 5 passos básicos para iniciar no mundo da inovação.

Passo #1: Entenda o que é, de fato, inovação.

Por que eu preciso saber o que é inovação na teoria? Simples. Se você achar difícil compreender o significado da palavra no dicionário (online, pode ser), dificilmente vai entender como aplicar inovação na prática. Joseph Schumpeter, considerado o pai da inovação, costuma dizer que o processo de inovação se baseia na destruição do que está se tornando obsoleto e criação do novo. E vamos um pouco além: não se trata apenas de um produto ou serviço novo ou melhorado, mas sim de ideias que podem se transformar em um negócio muito bom, útil e, ainda, trazer resultados financeiros.

Dica: Tenha na sua cabeceira o livro “Dez Tipos de Inovação”, escrito por Ryan Pikkel. Nele você vai encontrar uma tabela periódica com todos os 10 tipos de inovação e a explicação detalhada de como aplicá-las em seus novos projetos.

Se for muito difícil de entender a inovação, pense em 4 perguntas básicas que podem te ajudar a esclarecer algumas coisas. Este produto ou serviço…

  1. Melhora algo que já existe?
  2. Descarta aquilo que não é mais útil?
  3. Nos remete a lembranças do passado?
  4. Com o tempo, reverte os objetivos?

O segredo é começar eliminando aquilo que você tem certeza de que não é inovador. O head de marketing da 3M, Luiz Eduardo Serafim, explicou no seu artigo Ideia, inovação ou invenção? que inovação é o processo de transformar uma ideia diferenciada em oferta real, precificada, comunicada e disponibilizada ao público-alvo. Chave de ouro: deve atender às necessidades das pessoas com maior valor percebido do que às alternativas existentes no mercado. E claro, trazendo resultado para a empresa.

Passo #2: Identifique um propósito para o negócio e invista nele

Muitas empresas sentem a necessidade de encontrar um produto ou serviço inovador que vai mudar o rumo do negócio e garantir vida longa, mas não sabem nem identificar qual é o seu propósito. Pelo que sua empresa será lembrada nesse mundão? A gente já mostrou que marcas sem propósito são fadadas ao fracasso, e a sua também se encaixa nesse quadro.

Passar por um processo de autoconhecimento é essencial. Não é algo fácil, mas acredite, a “força está aí”. A construção de algo inovador envolve mão na massa, mas também muito trabalho mental.Ter um propósito já incorporado ao negócio e à equipe vai deixar o caminho mais fácil e com maiores chances de ser bem-sucedido.

Passo #3: Observe novas tendências

como aplicar tendências em inovação

O bizarro será o novo cool. Pare e analise as coisas que lhe pareçam mais estranhas. Ali, além de algo diferente do comum, existe uma tendência, por mínima que seja. São elas que representam uma mudança, seja ela social ou econômica.

Dica: Procure cursos que podem te ajudar a aguçar esse olhar para as tendências. Aqui na Aldeia, o curso de Tendências: pesquisa e estratégia pode ajudar bastante!

Esse é o momento em que vamos aplicar os olhares curiosos e sem julgamento, pois, sabendo identificar essas novas tendências sem preconceitos, será mais natural usar movimentos contemporâneos para construir coisas legais.

Passo #4: Procure ferramentas para organizar as ideias

A frase aqui é: “jogue no papel para tirar da cabeça”. Assim, você vai abrir espaço para o novo. Também é importante passar por este processo sem julgamentos e, ainda, levar todas as ideias que aparecerem para discutir com uma equipe multidisciplinar.

Lembre-se de que um produto ou serviço inovador melhora a experiência de consumo e atende ao propósito das pessoas. Portanto, quanto mais pessoas – com histórias e experiências diferentes – puderem expor suas vivências e referências, maiores as chances de alcançar um resultado mais positivo.

Depois de uma enxurrada de ideias, faça sua análise crítica e elimine apenas aquelas realmente impossíveis de serem realizadas. Este passo vai anteceder a transformação da ideia em um modelo de negócio e, nessa hora, ferramentas como o Bussines Model Canvas serão úteis.

Depois de preencher o Canvas (confira essa ferramenta do Sebrae), é hora de usar os recursos da tecnologia a seu favor.

Passo #5: Invista em tecnologia

É impossível pensar em inovação sem pensar em tecnologia. Primeiro porque ela pode ser muito útil na hora de buscar referências, fazer pesquisas, acompanhar outros profissionais e compartilhar experiências — sejam elas bem-sucedidas ou não.

Mas ela também pode atender a expectativa das pessoas quanto a produtos ou serviços que estejam ao seu alcance na hora mais conveniente, sem muito esforço e quase que instantaneamente. E, para isso, você vai precisar dos recursos tecnológicos existentes — ou até sugerir novos, se você for ousado o suficiente.

Além do mais, quem deseja lidar com a inovação de forma saudável deve estar superbem atualizado quanto às novidades tecnológicas. Quanto mais rápido você atuar nesses casos, mais disruptivo você poderá ser.

Este passo a passo é uma perspectiva básica de metodologia aplicável a todos os ambientes de negócio. Porém, busque se aprofundar e acompanhe referências que te proporcionarão o embasamento necessário para aplicar a inovação de forma muito mais produtiva.

Como a Inteligência Artificial vai mudar a sua vida (desde já)

Falar de inteligência artificial está na moda, mas o que pouca gente sabe é que o tema existe (e é estudado) há muitos anos. O autor Júlio Verne, por exemplo, já imaginava e descrevia tecnologias que executavam funções inteligentes, até então restritas aos seres humanos.

Com a popularização de assuntos relacionados ao universo tecnológico, mais pessoas entendem esse ponto de vista. O que pode ser feito com a inteligência artificial, como ela vai mudar a sua vida e se os robôs vão (ou não) tomar os empregos dos humanos se tornaram discussões cada vez mais comuns.

Inteligência artificial no dia a dia.

Não restam dúvidas: a inteligência artificial afeta as pessoas. Mas nada de pensar em distopias ou ficção científica. O aprendizado de máquina surge para somar ao nosso cotidiano e pode até substituir os seres humanos no trabalho, mas não será algo ruim.

“Como os robôs têm inteligência suficiente para se responsabilizar por funções básicas e repetitivas, nós podemos aplicar todo o nosso conhecimento em assuntos mais importantes – ou, melhor ainda: transformadores”.

As aplicações dessa tecnologia no nosso dia a dia nos ajudam a potencializar a capacidade criativa ou de produção. Como os robôs têm inteligência suficiente para se responsabilizar por funções básicas e repetitivas, nós podemos aplicar todo o nosso conhecimento em assuntos mais importantes –  ou, melhor ainda: transformadores. Isso leva a uma mudança completa no modelo de trabalho a que estamos acostumados e aplicações que você nem sabia que existiam.

É por isso que as diferentes possibilidades da Inteligência Artificial começaram a fazer parte da rotina de muitos profissionais. Ezequiel Kwasnicki, que trabalha na IBM Brasil, enfatiza que essa tecnologia é um assunto de todos, prestes a ficar cada vez mais evidente em nossa rotina pessoal e profissional.

Os robôs precisam se adaptar.

Com a popularização da Inteligência Artificial, empresas e sistemas com scripts que não se adequam ao dia a dia das pessoas enfrentarão uma rejeição cada vez maior. O Google, por exemplo, tem algumas funcionalidades que ainda não se adaptam perfeitamente à necessidade do usuário. O Google Maps, por exemplo, pode não memorizar o destino da escola de natação dos seus filhos mesmo você indo lá toda semana. São problemas pequenos, mas devemos ter em mente que as pessoas querem agilidade e praticidade nas plataformas – ou seja, a máquina, software ou aplicativo precisa entender o nosso dia a dia, guardar informações e aprender a utilizá-las rapidamente em um próximo acesso.

Nova tendência: inteligência cognitiva.

Profissionais que trabalham com tecnologia estão saindo do antigo sistema de programação e evoluindo para plataformas de treinamento tecnológico. Isso permite criar sistemas cognitivos, que ajudam os usuários nas suas tarefas. Um exemplo claro dessa tendência é o Robô Laura, projeto do Jacson Fressatto, que é capaz de aprender e auxiliar médicos ou enfermeiros no diagnóstico da sepse.

Assim como Laura, diferentes máquinas partem de uma base de dados já estabelecida, mas conseguem compreender, analisar informações e aplicar o que absorvem, projetando cenários para pacientes, clientes e departamentos.

Bilhões de dólares no processamento de informações.

No início do século XX, a quantidade de informações e inteligência sobre um tema demorava 50 anos para evoluir, se adaptar e oferecer novas respostas. Hoje, o processo está em aceleração constante e recebe patrocínios de diversas fontes. Em 2014, a IBM anunciou um investimento de US$ 1 bi no Watson, o sistema cognitivo mais famoso do mundo. A tendência é que os patrocínios continuem aumentando, já que essas tecnologias podem nos levar a um nível de conhecimento muito profundo sobre vários assuntos. Mas ainda tem áreas de incentivo pouco atendidas quanto aos investimentos, no caso da batalha de robôs.

Sustentabilidade na tecnologia.

O desenvolvimento dessa área não está voltado apenas a projetos específicos. A inteligência artificial é capaz de embasar métodos para corporações e cidades, já que o acesso à informação cresce muito quando essa tecnologia está envolvida. Com mais informação, fica fácil trabalhar a sustentabilidade, criar projetos urbanos e empoderar o cidadão, ajudando empresas e governos a otimizar seus processos. Quando isso acontece, o conhecimento é direcionado à solução de problemas reais, e não aos lucros de uma empresa.

Esse é só o começo.

Por enquanto, 80% das informações compiladas no mundo ainda não podem ser entendidas por robôs –  mesmo assim, eles já são o expoente de grandes mudanças. Quanto mais conteúdo forem capazes de analisar, maior é a ajuda que essas plataformas oferecem para que propósitos transformadores massivos sejam colocados em prática.

O importante é unir forças e criar sistemas capazes de ajudar as pessoas – o resultado aparece em casos como o Robô Laura, que já conseguiu salvar uma das vítimas da sepse com a velocidade no diagnóstico. É nessa hora que podemos entender como a tecnologia está em constante mudança desde o princípio: não é mais sobre gadgets, mas sim sobre ferramentas facilitadoras. A inteligência artificial nos ajuda a reconfigurar a aprendizagem, qualificar diferentes áreas do conhecimento e criar algoritmos que, além de inovadores, mudam a nossa vida para melhor.

 

O que fazer quando trabalhar é desnecessário?

Há milhares de anos, a raça humana era especialista em sobreviver. Como extraiam da natureza todos os recursos, tinham amplo conhecimento sobre plantas e animais, mapeavam áreas de risco para instalar suas tribos e tinham formas complexas de desenvolver ferramentas para a caça. Sua forma física podia ser comparada aos atuais atletas de alto nível, já que sua sobrevivência dependia da capacidade de fugir e esconder-se de perigosos predadores.

Mas agora, estamos passando por um momento na história da humanidade em que não precisamos mais dedicar nosso tempo diretamente à sobrevivência desta forma: já existem pessoas especializadas em cultivar comida (produtores de plantas e animais), em preparar comida (restaurantes), em fornecer acomodações (construtoras, hotéis) e em, virtualmente, nos oferecer qualquer outro serviço que algum de nós precise para viver.

Boa parte dos profissionais que trabalham com áreas do conhecimento, como programadores, arquitetos, engenheiros, cientistas, entre outros, deixaram de ser protagonistas da solução dos problemas mais prioritários – fisiologicamente falando – para dedicar tempo em atividades altamente especializados e que, em geral, resolvem problemas muito distantes dos relacionados à sobrevivência (mas que só existem por conta dessas abstrações que nós mesmos criamos).

https://www.dlojavirtual.com/dicas-para-o-seu-negocio/piramide-de-maslow

Um bicho diferente, que evolui apesar do DNA

O ser humano, por conta do seu cérebro diferenciado, é a única espécie conhecida que consegue preservar e transmitir o conhecimento através de gerações sem utilizar o DNA, afinal, ele é passado por meio das tecnologias que nós mesmos criamos, como os desenhos nas cavernas até os tutoriais no YouTube. Mesmo assim, acredita-se que apesar de toda a tecnologia que dispomos hoje, como indivíduos, os seres primitivos eram mais inteligentes.

A sociedade, com as facilidades que conhecemos, existe em menos de 0,001% da história da humanidade. Nosso estilo de vida é único e não seria possível sem as tecnologias que nós mesmos inventamos e aprimoramos com o tempo – e isso começou há mais ou menos 12 mil anos, com o surgimento da agricultura e a construção dos primeiros templos.

Vamos automatizar tudo!

“O que hoje só nós podemos fazer amanhã as máquinas farão e isso nos tornará mais dependentes delas”.

Há cerca de 500 anos, o aparecimento da ciência transformou tudo o que os seres mais primitivos sabiam e conheciam até então. O progresso passou a ser exponencial. A partir da Revolução Industrial, muita coisa mudou e, agora, estamos muito mais próximos do que imaginamos de viver uma nova revolução, dessa vez, muito mais que tecnológica. No futuro, teremos mais automação: o que hoje só nós podemos fazer, amanhã as máquinas farão e isso nos tornará cada vez mais dependentes delas. Afinal, um computador nada mais é que uma máquina que processa instruções genéricas e é só uma questão de tempo para termos a grande maioria das tarefas automatizadas, principalmente as que dependem de um software.

via GIPHY

Não apenas ficaremos ainda mais dependentes da tecnologia, como já estamos: imagine viver num mundo sem Internet, sem energia elétrica e sem outras facilidades? Até que ponto nós controlamos essas tecnologias? Até que ponto elas nos moldam e nos tornam dependentes? Até que ponto somos seres mais limitados? Certamente, um ser humano dos dias atuais teria muita dificuldade em sobreviver no mundo como era há 50 mil anos: não dava para pedir pizza pelo telefone, não tinha loja vendendo roupas para o frio e o conhecimento humano não estava acessível e compartilhado no Google.

Neo refletindo se controlamos as máquinas ou se elas nos controlam (Matrix Reloaded).

“Se você não fosse útil para a sociedade, com que inutilidades gastaria seu tempo? ”.

Claro que uma reflexão mais profunda sobre o controle que as máquinas exercem em nossas vidas fica para um próximo texto, caso contrário, teríamos um livro publicado aqui. No entanto, a ideia desse texto é levantar discussões acerca do quanto o mundo automatizado vai limitar a execução de tarefas “úteis à sociedade”. O que fazer quando trabalhar for desnecessário? Precisamos falar sobre isso: nem todas as atividades vão desaparecer em função das máquinas, mas os indivíduos precisarão se reinventar, pois apesar de elas estarem bem próximas de dominar o mundo, jamais substituirão a necessidade do ser humano de se relacionar. E serão nessas tarefas que deveremos investir.

Para encerrar, já deixo aqui a pergunta que não quer calar: se você não fosse útil para a sociedade, com que inutilidades gastaria seu tempo? Faça anotações e já comece a se planejar para a próxima revolução. Boa sorte!

5 tendências de tecnologia para 2016

Todo mundo já sabe que o investimento tecnológico está sendo cada vez maior e que não faltam oportunidades de crescimento e novidades nesse mercado. Mas quais são os aparelhos, atividades e formatos que vão estar em alta no ano que vem? A gente separou algumas tendências de tecnologia que você, com certeza, vai usar em 2016:

Os smartphones vão ganhar ainda mais espaço.

Não dá para negar: os smartphones dominaram nosso dia a dia e é quase impossível viver sem conexão, aplicativos e as possibilidades que os aparelhos oferecem. A tendência para 2016 é que as câmeras dos smartphones sejam ainda melhores, para explorar a produção de vídeos (que estão cada vez mais populares, graças ao fácil acesso ao YouTube e outros canais) e as fotos para compartilhar nas redes sociais. O espaço de armazenamento vai ser ainda maior e as atualizações – que às vezes limitam os features de aplicativos – podem ficar mais raras, já que as pessoas vão acabar trocando de aparelho com mais frequência.

A lógica e identidade dos games vai ser aplicada aos negócios.

Aplicar elementos, dinâmicas e até o design de jogos fora do mundo eletrônico vai ser uma prática cada vez mais forte em 2016. As estratégias de Gamification permitem que a interação entre marcas e o público seja feito de um jeito lúdico, com trocas e recompensas que, além de divulgar a marca, criam engajamento e trazem a lógica dos games para o mundo dos negócios. Esse tipo de estratégia promove cooperação, criatividade, atrai novos públicos e funciona como conteúdo interativo e personalizado.

A impressão 3D vai ter ainda mais força.

Vai ser comum ter produtos feitos em impressoras 3D na sua casa ou no escritório. O custo da produção é baixo (mesmo que as impressoras ainda tenham um valor alto no mercado) e dá para criar tudo o que você imaginar, de pequenos objetos a mobiliário e projetos de arquitetura. Essa tecnologia ajuda a tirar ideias do papel, colabora com o desenvolvimento de projetos e investe na cultura maker, que está ganhando cada vez mais espaço.

Novas formas de usar roupas, acessórios e aparelhos.

A gente não poderia deixar de colocar a internet das coisas nessa lista. A tecnologia existente em óculos, relógios e peças de vestuário ajudam a otimizar o seu tempo, já que dá para fazer compras, pagar contas, cuidar da saúde, ligar alarmes, abrir portas ou interagir nas redes sociais com um único aparelho, ao alcance das suas mãos. Esse tipo de experiência é válida tanto para a sua produtividade quanto para estratégias de vendas, marketing e empreendedorismo, por ajudar na compreensão de comportamento do consumidor e de como a tecnologia influencia nosso cotidiano.

Que outras tecnologias você acha que vão estar presentes em 2016? Conte para a gente!

Profissional bom de tecnologia é aquele que resolve grandes tretas: entenda por quê

Se você tem ou trabalha para alguma startup ou simplesmente tem um projeto de tecnologia nas suas mãos, já deve ter se deparado com um dos grandes problemas desse mercado: a contratação de profissionais de tecnologia. Eu diria que a raiz do problema não é tanto a quantidade de profissionais, afinal há alguns anos os pais, avós e tios falaram para todos os mais novos que “informática era a profissão do futuro”. Seguindo esse embalo, muitos partiram para esta linha mesmo gostando de biologia ou de artes plásticas, mas, querendo garantir um espaço no “mercado do futuro”, acabaram fazendo cursos superiores na área de TI.

Startups x meio corporativo

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Outro ponto importante é que, na sua grande maioria, as faculdades formam profissionais para trabalhar em corporações, não em modelos dinâmicos (como o de startups). Quem está nesse meio sabe que o senso criativo e organizacional de startups é totalmente diferente do mercado corporativo de grande porte. Em linhas gerais, o mercado corporativo pede “se está funcionando, não mexa” enquanto as startups pregam “mexa para funcionar de forma inovadora e diferente o mais rápido possível”. Empreender em grandes corporações é uma tarefa tão ingrata quanto vender areia no deserto. Não é impossível, apenas muito difícil.

O que é ser bom de verdade?

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Recebemos uma carga muito grande de profissionais que não têm vocação ou simplesmente paixão pelo que fazem. Tenho mais de 20 anos de vivência tecnológica trabalhando com profissionais de todos os níveis em projetos de portes tão vastos quanto. O que posso garantir é que se eu conseguir listar um “fora de série” por ano de trabalho, estarei sendo generoso. Cada vez mais os currículos ficam mais recheados de termos da moda: duas ou três linguagens, experiências com quatro tipos de bancos de dados, vários frameworks, web, mobile, xbox, ps4, arduino, linux, freebsd, design thinking, github, svn, cvs… todo mundo diz que sabe tudo.

Quando participo de seleções de profissionais, é normal eu receber currículos de pessoas de 22, 23 anos buscando um cargo de “Desenvolvedor Sênior”. Não que isso não seja possível, mas a senioridade neste mercado não se resume a conhecer três linguagens ou quatro frameworks. Senioridade é medida pelo tamanho do problema que você resolve. Entenda aí como “problema” questões técnicas, financeiras, administrativas e, principalmente, políticas. Sim, senioridade é poder entrar numa reunião com vários pontos de vista contrários e defender o seu com maestria. E, convenhamos que pra chegar nesse ponto, é necessário ter percorrido uma longa estrada ou, no mínimo, possuir um dom extraordinário.

Salários

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Quando se falam nos salários dessa área, existe também uma grande distorção. É comum vermos no Facebook ou no Twitter pessoas zombando de vagas pedindo tudo aquilo que mencionei antes e oferecendo “mil e quinhentos, mil e seiscentos reais”. Lógico que é uma ofensa! Mas é um retrato não apenas da deficiência de quem contrata, mas de uma supervalorização técnica dos candidatos. Selecionar gente boa não é fácil. Gente boa ganha bem, mas não pelas 10 tecnologias que conhece, e sim, reitero, pelo tamanho do problema ou da “treta” que resolve.

Outro ponto é que a diversidade de combinações entre linguagens, frameworks, bancos de dados, sistemas operacionais envolvidos é tão grande que cada projeto chega quase a ter uma combinação exclusiva, o que torna o trabalho de headhunters ou agências de RH cada vez mais difícil. Contratações exigem que você envolva seu próprio time de tecnologia para uma avaliação menos arriscada e mais voltada ao projeto.

Brasil x Estados Unidos

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Quase sempre pensamos que a realidade é apenas um retrato do mercado brasileiro. De fato, temos peculiaridades aqui que favorecem alguns tipos de comportamento, principalmente porque a CLT é um assunto complexo e, na minha opinião, dificulta partirmos para modelos mais ousados. No último ano passei algum tempo nos Estados Unidos conversando com empreendedores, aceleradoras, head hunters, universitários e profissionais de tecnologia. Por lá a concorrência por bons profissionais é ainda maior do que aqui, mas a grande diferença está no modelo de contratação.

Lá o engajamento e identificação pessoal com o projeto são ainda maiores. Ao receber uma oferta, não se pensa necessariamente só em dinheiro, mas principalmente no equity que a empresa oferece, no crescimento interno e em quanto o profissional tem a capacidade de empreender com aquele time que está lhe fazendo uma oferta. Outro ponto é a relação pouco protecionista trabalho x emprego. Não tem FGTS, décimo terceiro, multa rescisória. Se você não performar, no outro dia está na rua. Se você é um bom profissional num mercado aquecido, no outro dia já estará empregado de novo caso tenha havido qualquer distorção da avaliação da sua performance.

Quem é dono de uma startup ou de qualquer negócio que envolva tecnologia sabe que fazer um modelo parecido nas terras tupiniquins é algo extremamente complexo e arriscado. Se seu projeto não der certo, provavelmente você terá um grande passivo trabalhista para encarar que muitas vezes arrasa sua vida. A cultura do “trabalhador” aqui pergunta primeiro sobre salário e benefícios que viram dinheiro (VT, VR, Combustível, etc), porque é o que dá a pseudo-segurança que fomos educados a buscar.

Conclusão: resolva grandes tretas

Você, que é um bom profissional, deve estar lembrando de quantas ofertas já teve para empreender, mas muitas vezes isso exigia além do seu capital intelectual ou um grande investimento financeiro, o que nem sempre é possível. Saiba que trabalho nunca vai faltar, afinal você resolve “grandes tretas”.

Mas se seu desejo é empreender, procure se espelhar nos modelos lá de fora e busque um projeto pelo qual você se apaixone e com o qual se identifique de verdade. Buscar um equity crescente de acordo com os resultados que você entrega é algo que, além de evidenciar sua dedicação ao projeto, mostra confiança na sua habilidade técnica.

“Posso empreender mesmo sem ter equity?” Pode! Usar isso como aprendizado para, em outro momento criar o próprio negócio, ou até mesmo ficar como “empregado” para vida toda é algo válido, mas tenha como missão para sua profissãoresolver grandes tretas” e não simplesmente conhecer 5 diferentes linguagens. É disso que o mercado precisa! Conto com vocês pra virar esse jogo.

Quer saber mais? Olha só esses indicadores do Vale do Silício.