lições | Aldeia | Movimento de Realizadores

Como transformei minha vida após 10 dias em silêncio

Recentemente voltei de um período de silêncio onde passei 10 dias aprendendo a técnica de Meditação Vipassana. Ela consiste em simplesmente ver as coisas como elas realmente são. É uma das mais antigas técnicas de autopurificação através da auto-observação, ensinada por S. N. Goenka, na Índia. Sidarta Gautama, chamado de Buda, experimentou várias técnicas de meditação até se deparar com Vipassana que o levou ao despertar, ao ser iluminado, ao estado de Buda.

“A solidão é necessária para estabelecer-se no Eu, mas os mestres então retornam ao mundo para servi-lo.” Autobiografia de um Yogi (Paramahansa Yogananda)

E após voltar do retiro, resolvi escrever sobre a experiência e compartilhar com vocês as 7 grandes lições que aprendi.

#1 Aprendendo a ficar em silêncio.

Ficar quieto, parado e concentrado nunca foram palavras que me caíram muito bem. Sempre gostei muito de esportes, de música, de estar em movimento. Os primeiros dias de meditação foram de total foco e concentração em minha própria respiração, meu próprio ser, em como faço tudo o que faço e como meu corpo e minha mente se comportam. Durante esse processo, enfrentei vários desafios: dores, dúvidas, infinitos pensamentos e sem falar no Spotify mental de “entra música, sai música”, uma atrás da outra, cantando e ensurdecendo minha mente.

Yoga GIF - Find & Share on GIPHY

“Toda essa inquietação também me fez chegar a uma simples e importante conclusão: sou a minha melhor companhia”.

#2 Você não é a sua mente.

Foi aí que eu descobri que eu não era a minha mente, minhas ideias ou meus planos futuros. Sou tudo isso, um pouco de tudo e muito de cada pouco. Minha mente estava em todos os lugares, em todos os pontos de contato do meu ser com o mundo externo e, a cada respiração e em cada suspiro, podia sentir aos poucos quem eu realmente era. Toda essa inquietação também me fez chegar a uma simples e importante conclusão: sou a minha melhor companhia. Afinal, precisava estar bem comigo lá. Seriam mais 8 dias em silêncio e quanto antes entendesse que a minha presença era a única coisa que eu tinha, melhor seria a minha experiência. Assim, segui em frente.

#3 No momento presente, aqui e agora.

Então, depois de alinhar os pensamentos, as ideias e de me sentir completamente presente com meu ser, a respiração passou a ficar consciente, mais calma. Entendi melhor toda a ideia da técnica e passei a treinar com mais foco e determinação. A parti daí, comecei a sentir melhor os resultados e benefícios da técnica. Senti até uma amostra do “fluxo livre”, que é quando estamos em perfeita sintonia com nosso corpo, nossa mente e nossa alma. É assim que o fluxo energético passa por todo o corpo de maneira fluída, enquanto você apenas respira e seu “todo” transpira, transcende (ou sei lá como descrever… mas funciona).

O que me levou a me interessar por esse tipo de retiro, foi uma técnica também de focar a nossa existência no tempo presente, no aqui e no agora: a Mindfulness. E para saber mais sobre ela, você pode ir direto neste post.

“Não tinha porque sofrer por antecedência ou resolver desistir, cada momento reservava diversas surpresas e as sensações mudavam a cada instante”.

#4 De saco cheio.

Depois de insanas horas de meditação diárias e uma alimentação totalmente diferente do que estava acostumado no dia a dia (a comida lá era ótima, só algumas regrinhas de quantidade me incomodavam, rs), tudo começou a cansar, de verdade. Ainda faltavam seis dias para o retiro terminar e eu pensava que já estava bom. Mas como algo dentro de mim falava para continuar, resolvi treinar e persistir na técnica, o que foi sensacional. A partir de então, algumas novas ideias passaram a fazer sentido, como a de que tudo muda, tudo passa. Seja qual for o teu sentimento, a tua dor, a tua vontade, o teu sofrimento, a tua angústia ou o teu motivo de felicidade… vai passar! E essa experiência é na tua pele, é com você, e só você pode se conhecer. E assim foi. Não tinha porque sofrer por antecedência ou resolver desistir, cada momento reservava diversas surpresas e as sensações mudavam a cada instante, então o jeito era manter a postura, sentar-se, fechar os olhos e continuar meditando, sentindo, observando, transpirando.

#5 Descobrindo a “Anicca”.

Mandala GIF - Find & Share on GIPHY

Uma das coisas mais legais que aprendi nesses dias foi a definição do termo “Anicca”. Ele diz respeito a constante mutação de todas as coisas que compõe o universo. Ou seja, é a Lei da Impermanência. Seja qual for o seu desejo, aversão, sensação, apego ou forma de relacionamento… o universo irá mudar. O ciclo da vida segue em frente e você precisa acompanhar o ritmo, mudando e se adaptando aos sentimentos, a própria impermanência. A nossa falsa sensação de controle e estabilidade grita alto nesse momento, sem falar em todas as nossas vontades e sonhos. É aí que começamos a compreender um pouco melhor o sentido da vida e da nossa existência…

Pausa.

Meditation GIF - Find & Share on GIPHY

Precisei parar por um instante, levantar, ver um pouco da vida que passava lá fora, de como estava o dia e tomar uma água gelada. Não é sempre que as coisas fazem sentido de uma maneira tão pura, tão verdadeira. Nos deparar com nós mesmos, ali onde estamos. E aonde estamos? Estamos conscientes e pensantes sobre tudo, sobre cada ponto que existe e que já existiu por onde passamos. Nesse momento também comecei a ter várias ideias de tatuagens por todo o corpo… foi um dos auges do retiro, foi muito louco.

“Não precisa ter pressa para encontrar a frequência da sua vida, ela simplesmente virá, no tempo e no ritmo certo”.

#6 Tudo vira música

Guitar GIF - Find & Share on GIPHY

Seguindo em frente pelos dias que ainda restavam, uma coisa voltou à tona: a música! Sim, a discotecagem musical, mas agora de uma forma diferente. Parecia algo sincero, natural, como se eu fizesse parte daquilo que sentia, que ouvia, cantarolava e solava interna e insanamente. Altos solos de guitarra e batucadas, shows ao vivo para multidões, saltos e pulos em cima do palco… fiz altos shows em minha mente. Mas assim cheguei a uma simples conclusão: música é aquilo que pulsa dentro de si, da sua revolta, sua opinião, suas críticas, seus sentimentos, sua ousadia, sua transparência, sua leveza e seu amor. Tudo aquilo que podemos ver, sentir, sonhar, imaginar, tudo aquilo o que é, pode ser música. Assim como o silêncio é uma forma musical, sonora. E, no tempo certo pode ser transformado na batida do seu dia, de uma lembrança da sua vida, das tuas músicas. Cheguei a pensar na ideia das “frequências mágicas” que nos envolvem e nos viciam, aquelas cantadas por multidões, tatuadas por pessoas e que enlouquecem uma galera por aí… música é frequência, é vibração, é o que nos faz sentir vivos. E não precisa ter pressa para encontrar a frequência da sua vida, ela simplesmente virá, no tempo e no ritmo certo. Pois no fim, tudo pode ser música. Me sinto música, sou músico. Voltei a respirar.

#7 De volta à “vida real”.

Algumas coisas são bem particulares, noutras é mais fácil se identificar. O fato é que mais perto do final, a experiência do Vipassana já tinha mudado minha vida. Queria sair logo, abraçar meus pais, minha namorada, meu cachorro, ver minha guitarra, minha prancha, minhas simples mais tão significativas coisas. Lembrando: sem apego e sem aversão a nada. Também queria voltar a trabalhar, mas agora com propósito, com vontade de fazer acontecer e poder fazer a diferença naquilo o que eu fizer.

“Foi muito interessante analisar a forma como interagimos mesmo sem interagir e como nos comunicamos sem ao menos trocar uma palavra ou um olhar”.

Viajar, viver, sorrir e ser feliz…

O começo não tem sido fácil e até agora posso dizer que tive algumas “provas reais” sobre como enfrentar os desafios diários, as cobranças, as decisões, as mudanças. Enfim, permaneço tranquilo, confiante e intuitivo sobre meus próximos passos. Muito grato por todos os aprendizados, por toda a experiência, e por todos os amigos que fiz nesses dias em silêncio, sem trocar nenhum gesto, nem um olhar. Foi muito interessante analisar a forma como interagimos mesmo sem interagir e como nos comunicamos sem ao menos trocar uma palavra ou um olhar. Realmente o ritmo lá é outro, mas aqui fora é vida que segue. Temos responsabilidades, família, amigos e sonhos para realizar, e acho que só tenho a agradecer por ter voltado tão sereno e tão sincero com tudo isso.

Fica aqui o meu sentimento de gratidão e o site para quem se interessar por essa técnica maravilhosa de autoconhecimento.

Espero poder retornar em breve!

Guilherme Cescatto

 

 

 

8 lições que você pode aprender com essa reunião conduzida pelo Steve Jobs jovem

Brilhante. Apaixonado. Arrogante. Impaciente.

O estilo de liderar do Steve Jobs já foi descrito de várias maneiras, tanto positivas como negativas. Amando ou odiando, não tem como negar o que ele conseguiu fazer: em pouco tempo, construiu a empresa mais bem sucedida do planeta.
Mas antes disso, em 1985, ele teve que sair da Apple. Alguns meses depois, fundou outra empresa. Essa startup, chamada NeXT, focava em produzir computadores poderosos para a indústria da educação de alto nível. Um time talentoso abriu mão de bons cargos na Apple e o seguiu nesse novo empreendimento – o que já mostra o quanto as pessoas acreditavam nele.

Esse vídeo aqui embaixo contém partes de uma reunião que ele presidiu quando a empresa tinha 90 dias de vida. E dá pra tirar várias lições dele. Olha só:

1. Mostre a sua paixão (3:46)

O Steve Jobs era conhecido por ser uma excelente orador, e suas habilidades podem ser vistas no discurso introdutório dele. Ele usa a reputação dele bem. Ele é entusiasmado. Ele é natural. Mas mais importante, ele acredita no que está falando, e não tem medo de dar a cara a tapa. Se você não for apaixonado pela sua ideia, ninguém mais vai ser.

2. Foque na criação de valor (4:50)

Ele fala “estamos fazendo isso porque amamos isso, porque realmente nos importamos com o processo de educação de alto nível. Não porque queremos fazer uma graninha.”
Na condição de empreendedor, não tem nada melhor do que sentir que você está fornecendo um produto ou serviço que faça a vida das pessoas melhor.

3. Desafie seu time (6:15)

Ao longo do vídeo, Steve Jobs desafia o time. Ele não aceita nada superficial. Ele quer saber por que as pessoas se sentem como se sentem. E às vezes explica por que não concorda com elas.
Sim, ele podia ser arrogante. Mas uma vez Guy Kawasaki, que trabalhou para ele duas vezes, disse: “Se você perguntar para um funcionário da Apple por que ele se dispõe a enfrentar os desafios de trabalhar aqui, ele vai te dizer que é porque a Apple permite que você faça o melhor trabalho da sua carreira.”

4. Mantenha todo mundo no rumo certo (6:53)

“É necessário que haja alguém que mantenha e reitere e visão. Muitas vezes, quando você precisa andar mil quilômetros e dá o primeiro passo, parece um caminho longo, e ajuda muito se tiver alguém dizendo que você está um passo mais perto. O objetivo existe de verdade, não é só uma miragem no horizonte”.
Conforme a sua empresa vai se desenvolvendo, é fácil perder de vista aquilo que é importante. Mundanças na cultura interna são perigosas.
Mas a empresa é sua. Não se comprometa com coisas nas quais você não acredita. Foi isso que fez o Steve Jobs ser chutado da Apple em 1985, mas também foi isso que o trouxe de volta. E é isso que fez da Apple esse sucesso todo.

5. Defina as prioridades certas (7:26)

Quando o time da NeXT discute as prioridades, dá pra notar a habilidade que o Steve Jobs tinha de focar no que era mais importante, e, ainda mais crucial, de defender por quê.
Quando um dos membros do time questiona a prioridade número 1 (manter o preço dos computadores a $3.000), Jobs defende veementemente: “Eles não disseram que se você fizesse ele ser três vezes mais rápido eles pagariam $4.000. Eles disseram ‘faça por $3.000 ou esqueça’. É o nosso número mágico. Eles também nos disseram que ninguém mais diz que eles podem fazer isso. Se isso é verdade ou não, vai saber?! Seja ou não pra nos pressionar, nós estabelecemos isso.”
O time seguiu o que ele disse e o preço foi mantido como prioridade número 1.
Você pode até saber o que é importante. Mas você consegue provar por que é importante? Se sim, o seu time vai te seguir.

6. Saiba quando interromper (9:52)

Nesse trecho, uma mulher faz um discurso. Ela fala, fala e Steve Jobs fica escutando paciente. No começo. Mas conforme ela continua, a paciência dele acaba. Ele interrompe e restabelece o foco.
Seja um bom ouvinte. Seja paciente. Mas saiba quando interromper, e você economizará bastante tempo e recursos.

7. Aprenda com o passado, mas não deixe que o passado mande em você (11:11)

Quando um membro do time lamenta o passado, Jobs fala: “Nao quero ouvir “só porque a gente estragou tudo da última vez, vamos estragar dessa vez””.
Qualquer grande empreendedor sabe que o fracasso é parte do processo. Quanto mais você tenta, mas mais vai fracassar, mas o sucesso está lá. Você só precisa achá-lo.

8. Foque no que é positivo (12:22)

No final, Jobs fala: “Eu me pego fazendo uma lista de coisas que a gente não sabe, e aí eu lembro que a nossa empresa tem 90 dias de vida. E olho para as coisas que a gente já sabe. É incrível ver o quão longe fomos em 90 dias.”
Quando você tem um longo caminho pela frente, pode ser intimidante focar no que ainda falta. Sempre haverá muito a ser feito.
Lembre-se de olhar para trás e enxergar o que você já conseguiu, e isso vai te dar a motivação que você precisa para seguir em frente.

Esse post foi traduzido e adaptado do artigo publicado pela Inc.

5 lições que erros comuns em startups ensinam

Henry Ford uma vez disse: “O fracasso é apenas uma oportunidade de começar de novo, só que dessa vez com mais sabedoria”.

Enquanto empreendedores gastam forças tentando evitar o fracasso, às vezes as lições que se aprendem desse passos em falso podem ser muito valiosas. Não que os donos de negócios devam conscientemente tentar fracassar, mas quando acontece você pode sair da situação mais sábio, forte e rentável.

Eis cinco erros comuns em startups e as lições que você pode aprender ao cometê-los:

1. Perseguir todas as oportunidades

Perseguir o lucro e construir um modelo de lucro a longo prazo são coisas diferentes. Empreendendores costumam ter o instinto de farejar oportunidades, mas esse mesmo instinto matador pode se tornar rapidamente em uma fraqueza quando vira uma distração dos objetivos principais. Delimitar que tipo de trabalho e clientes vocês quer é vital para atingir o sucesso a longo prazo. Lembre-se de que dizer “não” pode ser uma ótima prática para startups de sucesso.

2. Não aumentar o valor total do cliente

Quase sempre é mais fácil vender para uma base já existente de clientes do que encontrar uma nova. Isso não quer dizer que você deva largar seu marketing, mas significa que você precisa ter um plano definido para aumentar o valor total do cliente, ou seja, a soma total de quanto cada cliente vale potencialmente para você. O dinheiro real em qualquer negócio vem da venda de produtos ou serviços complementares. Mas isso significa que você precisa criar produtos adicionais e ter uma estratégia para vendê-los. Seu objetivo é transformar consumidores potenciais em consumidores, e consumidores em clientes. Mas sem aumentar o valor total do cliente, não vai acontecer.

3. Não ter um plano B

Ter um plano B te permite começar com o fim em mente e mostra a potenciais investidores que eles estão investindo em um modelo de negócio, não apenas em um empreendedor apaixonado com um sonho. Não deixe que a paixão ou o otimismo te levem a pensar que nada pode dar errado ou que você não vai precisar que alguém assuma a sua empresa para você. Lembre-se: começar com o fim em mente.

4. Deixar de testar suposições

Uma das melhores experiências de ser um empreendedor é ter uma grande ideia. Mas nem todas as ideias valem a pena ser perseguidas. Infelizmente essa é uma realidade que muitos só encaram depois de gastar todas as economias. Geralmente basta um investimento de algumas centenas de dólares para testar um produto ou serviço – não milhares de dólares e incontáveis noites não dormidas. Teste todas as suas hipóteses no papel primeiro, saiba seus custos, leve em conta o inesperado e então decida se vale a pena testar. Só depois de completar esses passos você deve considerar seguir em frente com a nova aventura.

5. Esgotar-se

Essa é uma que você provavelmente não vai conseguir evitar. A menos que você já tenha experienciado um esgotamento, você vai continuar achando que dá conta de tudo. Se você lida com ele do jeito certo, o esgotamento pode te transformar num super-herói – só que um diferente. Você é apenas um e o dia tem uma quantidade limitada de horas. Determine que tarefas são mais manejáveis que outras, delegue ou terceirize as demais e fique de olho nos resultados.

Curtiu? Confira o artigo original, publicado aqui.