Tendências | Página 2 de 4 | Aldeia | Movimento de Realizadores

Gestão de projetos: tire ideias do papel e faça entregas surpreendentes

Muitas vezes, a vontade de fazer acontecer, seja com o seu negócio ou na empresa que você trabalha, gera ansiedade, o que acaba dificultando as realizações. Quem nunca se sentiu como estivesse fazendo muita coisa, mas mesmo assim sem ver um resultado concreto? Eu já! Foi nessa de querer otimizar o meu tempo e minhas entregas que comecei a aplicar a gestão de projetos no meu dia a dia.

Um dos valores do EBANX, fintech brasileira que permite que milhões de latino americanos comprem em sites internacionais e onde trabalho no Marketing, é o Sonho Grande. Mais do que um termo que impressiona e decora nosso headquarters, o tal do sonho grande é uma constante: metas ousadas, paixão por inovação e projetos audaciosos. Pra conseguir dar conta de tudo e ainda garantir que usuários e parceiros sejam sempre bem atendidos e surpreendidos, o gerenciamento de projetos é fundamental.

Mas se você está achando que gestão de projetos é coisa “corporativa” só pra empresas grandes, está enganado. Você não precisa ser ou ter um gerente de projetos na sua equipe, você mesmo pode aprender sobre a disciplina e contagiar as pessoas que trabalham com você.  Dá pra começar absorvendo conteúdo da internet e depois partir para um curso de gestão de projetos – existem vários, para diversos propósitos e bolsos.

Mas afinal, o que é gerenciamento de projetos?

O Project Management Institute define gestão de projetos como “aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma efetiva e eficaz.” Pra mim, simplificando, gestão de projetos é encontrar a melhor maneira de fazer uma ideia sair do papel, usando ferramentas que vão te poupar trabalho.

Diferente de processo, que é algo contínuo e que deve ser melhorado periodicamente, um projeto tem prazo, propósito definido, assim como um resultado não abstrato esperado, ou seja, é uma entrega muito clara. Atualmente, toco uma spin-in de marketing de conteúdo no EBANX, o The Shoppers, em que temos tanto projetos quanto processos. Vou compartilhar algumas de nossas iniciativas e categorizar como projeto ou processo para exemplificar:

Ilusão seria pensar que depois de concluído o projeto ele pode ser esquecido. No fim das contas, tudo é trabalho, mas obviamente a tratativa é diferente. Mas o papo sobre processos fica para uma próxima, voltemos à gestão de projetos e seu “roteiro” básico de 5 passos. Na prática, assim como o inbound marketing para o The Shoppers é projeto e processo, muitas atividades do seu dia a dia também devem ser.  Começa-se com a ideia de criar algo novo, um projeto, e depois de criado, estabelece-se um processo para a melhoria contínua. Quem tem uma marca de roupas, por exemplo, faz o projeto de uma nova coleção e cuida do processo de fabricação, distribuição, etc.

5 etapas da Gestão de Projetos

1. Concepção do Projeto

Projeto tem tudo a ver com inovação, eles são criados para atender novas demandas e/ou solucionar problemas – ter problema não é um problema, na verdade, eles é que movem as organizações. Aliás, se você não tem um problema, preocupe-se e vá em busca dos seus.

Nessa fase da gestão do projeto, os envolvidos começam a especular quais ações resolveriam o problema da vez ou de que forma é possível satisfazer uma necessidade. Depois de muito brainstorming, as ideias são “empacotadas” na forma de um projeto, e aí vem a hora de colocar os pés no chão e entender se aquele é o momento ideal e se existem os recursos necessários para a execução.

2. Planejamento do Projeto

Muita gente passa por cima dessa etapa. Assim que descobre que a ideia é viável sai fazendo um monte de coisa ao mesmo tempo. Apesar de ser uma etapa mais “chatinha”, é ela que vai te salvar horas de trabalho (que às vezes são desperdiçadas) e te ajudar a evitar desperdício de dinheiro.

Pra cumprir essa etapa, você e sua equipe precisarão esmiuçar o projeto em pequenas tarefas. Vale usar um quadro para desenhar, papeis, post-its, planilhas – mais pra frente nesse post, vou indicar algumas ferramentas para o gerenciamento de projetos. Por exemplo, se o projeto é a construção de um novo site, quais são as pequenas entregas necessárias? No caso da nova versão do The Shoppers (que estará no ar no final de fevereiro), chegamos em: conceito e objetivo macro, arquitetura de navegação, wireframe das páginas, definição de features, layout e UX, contratação de fornecedor, cálculo de budget, estrutura editorial, otimização de performance, etc.  

Cada uma dessas tarefas é necessária para o todo, mas se feitas desordenadamente não geram o resultado esperado. Então, chega a hora da priorização: o que deve ser feito antes do que. Ninguém melhor do que você mesmo para elencar a ordem das atividades. Para isso, pense no tempo de execução de cada tarefa, na interdependência entre elas, no tempo de aprovação de processos internos, na disponibilidade de pessoas e nunca esqueça do seu deadline.

Uma boa dica para montar o roadmap do seu projeto e quantificar o tempo de execução de cada entrega é começar de trás para frente. Se o prazo para o novo site estar no ar funcionando perfeitamente é dia 30, no dia 29 ele precisa ser testado no ambiente de produção, no dia 25 deve começar a ser usado pela equipe num ambiente de teste e assim por diante.

O planejamento do projeto é isso: criar um “mapa logístico” em que você conhece e considera as principais variáveis para que ele possa ser executado dentro do tempo esperado.

3. Lançamento do Projeto

Depois de tudo devidamente analisado e calculado, chega a hora de lançar o projeto. Essa é uma etapa relativamente simples e que tem muito a ver com comunicação. Todos os stakeholders precisam ser informados sobre suas participações no projeto.

Você como o gerente de projeto que fez um lindo planejamento, vai apresentar os highlights, mas sem esquecer de vender o seu projeto. Isso significa que mais do que uma planilha detalhada, o seu projeto tem um propósito que deve estar na ponta da língua de todos os envolvidos durante a execução.

Dependendo do projeto, vale marcar um kickoff tático, em que a equipe diretamente ligada à execução estará e onde vocês irão discutir aspectos mais operacionais e um kickoff resumido, para contar aos sócios, clientes, colegas, etc. – aquele público que tem um envolvimento mais sútil e estratégico.

4. Performance e Controle

É durante essa etapa que o projeto é de fato executado. Estabelecer uma rotina de acompanhamento das entregas, se manter fiel ao cronograma e fazer possíveis ajustes no planejamento são as principais tarefas de um gerente de projetos nesse momento.

Quanto mais você detalhou o seu planejamento lá da segunda etapa, mais simples será o seu trabalho agora. O importante aqui é ir eliminando itens do seu checklist. Esteja preparado para modificar algum plano, pois por melhor que você tenha previsto o andar do projeto, na hora da mão na massa, algumas coisas mudam. Não tenha medo de replanejar e se esse for o caso, repita a etapa da comunicação aos envolvidos.

5. Finalização do Projeto

Com algumas adaptações e lições aprendidas você conseguiu: todas as tarefas foram concluídas e seu projeto foi executado com sucesso dentro do prazo definido. Dedique algum tempo para avaliar, junto à equipe tática, quais os pontos altos do projeto, o que pode ser melhorado nos próximos e comunique todos os envolvidos. Se o projeto não deu certo, mesma coisa, avalie o que aconteceu para aprender para uma próxima vez.

Hacks para Gerenciamento de Projetos

Para se organizar e realmente ser o guardião do projeto, você vai precisar de ferramentas. É legal testar algumas para ver aquela que mais se adequada ao seu estilo de gestão e ao projeto em si. Tanto no The Shoppers quanto no EBANX, o Trello é rei – muito intuitivo e com diversas possibilidades de customização, é possível categorizar as tarefas, acompanhar prazos, marcar pessoas, etc.

Se você quer ainda mais comunicação entre a equipe, entregas e deadlines, o Slack pode ser sua resposta. Nele você consegue integrar seu Google Calendar, o próprio Trello, o Google Docs (além de muitas outras APIs), e ainda por cima, todo o histórico de conversa fica salvo, o que ajuda na contextualização de novas pessoas no projeto.

Eu não dispenso uma boa e velha planilha de Excel (assim como uma agenda offline). Altamente customizável, você pode manter controle das informações e prazos principais. É também um ótimo jeito de manipular dados. Foi no Excel que eu criei algo que chamo de Doability Index, um dashboard que me indica quais são as ações prioritárias, considerando a complexidade de execução, tempo de entrega, custo e impacto. De acordo com uma escala estabelecida por mim e minha equipe, classificamos as ações e o algoritmo mostra qual tarefa deve ser priorizada.  

Também gosto muito de kanbans: esquemas bem visuais do planejamento do projeto, pra isso uso post-its coloridos em uma parede. Independente da ferramenta você escolher, o real segredo é o uso constante. Não adianta nada montar um board maravilhoso no Trello e não usar.

Use e abuse da gestão de projetos para tirar as suas ideias do papel e se surpreenda com os resultados.

Se você se interessou no assunto, se liga no curso de Gestão de Projetos em Curitiba. Ele vai contar com dois profissionais feras do mercado como professores, a Maria Cardoso, gerente de projetos na Telefônica Brasil e o Thiago Bodruk, Lead Service Designer na Hero99. Dá uma olhada nele aqui! 

Como acompanhar tendências em 2018

Na corrida pela vantagem competitiva do mercado, algumas pessoas saem na frente por conseguirem informações relevantes. Mas para chegar nesse ponto, é preciso análise, planejamento e projeção.

Pra você ter uma ideia, até 2020 mais de 90% das empresas devem adotar a tática de análise de dados como forma de antever o comportamento do público. Isso é ótimo do ponto de vista proativo, porque possibilita a implementação de medidas importantes a partir daquilo que foi detectado.

Ao fazer isso, tendências também são detectadas. Elas sinalizam comportamentos de consumo e indícios do que as pessoas tendem a seguir em um futuro próximo. Por exemplo, essa cor te diz o que?

Essa cor é a ultra violet, cor escolhida para 2018 pela Pantone. Caracterizada como complexa e contemplativa, ela sugere a exploração em contato com o místico e ao mesmo tempo com a tecnologia. Essa cor pode nos mostrar uma tendência para 2018: meditação, agora além dos círculos específicos, e o auto-conhecimento em pauta. Ela é uma indicação, mas existem vários outros fatores possíveis de análise.  

Mas qual o significado de tendência?

Tendência é um processo social no qual as pessoas mudam seus estilos, gostos, ações. Essas mudanças podem se dividir em curta duração ou longa duração e são adotadas por grande setores da sociedade. Hambúrguer artesanal, cervejas especiais, paleta mexicana, tudo isso veio como formato de negócio revolucionário, mas sem uma estratégia válida, se torna modismo e cai em desuso em pouco tempo. Mesmo sendo muito rentável no curto prazo, não tem muitas chances de ir longe. 

Em compensação, tendência tendem a revelar um pouco de como será o futuro e durar. Os segmentos de alimentação saudável e cosmética para homens está abrindo esse caminho e descobrindo um solo muito fértil. Essa, portanto, é a diferença entre uma mudança de curta duração e longa duração, que podem ser consideradas modismo ou tendências, de fato.

Ao acompanhá-las, você percebe que as pessoas estão mudando o jeito de consumir, e a partir disso pode avaliar se vale a pena investir em alguma forma específica de venda ou se está na hora de mudar. Além disso, estas tendências também podem sinalizar expectativas do consumidor que ainda não são atendidas pelo mercado. Ou seja, novas oportunidades de negócio que podem ser aproveitados para aumentar ganhos.

Dicas de como acompanhar tendências

Bom, não existe uma fórmula mágica na hora de “encontrar” tendências. O importante é considerar quais mudanças do mercado podem impactar seu negócio e começar a olhar mais de perto para elas. A partir desta análise, o trabalho é revisar o negócio, os processos e como eles estão sendo conduzidos.

Também é preciso considerar que essa observação precisa ser constante, afinal os hábitos de consumo mudam sempre – a gente vê essas alterações a partir do avanço tecnológico e no comportamento das pessoas. Portanto, esse trabalho precisa ser levado como estratégico dentro da empresa: ele faz diferença quando bem feito e não te deixa descolado do que está acontecendo no mercado.

Aqui vão algumas dicas:

Conhecendo o cliente

A base de um bom relacionamento (e bons resultados) está em conhecer o cliente. Agora, com redes sociais e internet, é possível conhecer o cliente por inteiro.

A rede de streaming Netflix tem um case bem famoso sobre isso. De posse de montanhas de dados sobre o que os clientes assistem, a empresa começou a criar conteúdos moldados ao gosto de cada um deles. A série Stranger Things só foi criada porque a companhia percebeu que muitos estavam interessados em entretenimento dos anos 1980.

Usando os dados a seu favor

Analisar dados de atividades desenvolvidas ao longo dos anos e identificar padrões te ajudam a perceber tendências futuras.

Por exemplo, de uma tendência de vendas que apresente constância anual com redução no terceiro trimestre, pode-se deduzir que as vendas continuarão a ser baixas no terceiro trimestre do próximo ano.

O analista de dados, então, deve usar essa informação para embasar a empresa no desenvolvimento de estratégias adicionais no período de baixa.

Mais informação, por favor

Na mão de cada consumidor, há um mundo de conhecimento. Com os smartphones, redes sociais e resenhas de produtos nos próprios sites de compra, os clientes passam a saber mais sobre o produto que querem comprar – às vezes, mais até do que os próprios vendedores.

É possível usar toda essa informação para envolver o cliente, construindo uma história para fornecer informações sobre seu produto.

O marketing da Nike é um bom exemplo disso. A companhia, que construiu sua história se conectando a grandes atletas, também está ajudando seus consumidores a contar sua própria história.

Com o aplicativo Nike+, a fabricante de calçados coleta dados sobre o rendimento dos seus consumidores, envia dicas de treinos e sugere os melhores tênis para cada atividade.

Para ficar de olho

Para você ter uma ideia, o ano já começa com algumas previsões importantes – não só astrológicas.

O Facebook separou os principais tópicos para 2018, que passam por categorias como cultura, beleza, tecnologia, comida. Já o Google fez um dossiê sobre a importância da diversidade e como isso deve estar relacionado aos negócios e marcas.E para quem está pensando em conteúdo, o WordPress listou algumas tendências de conteúdo digital para 2018.

Pegando o gancho da diversidade, a gente percebe que questões como equidade de gênero estão em voga e vão se manter. Ao ver os índices de feminicídio, por exemplo, fica claro porque ainda precisamos falar sobre isso. Algumas marcas viram uma oportunidade de usar a questão de forma positiva.

A Skol, por exemplo, olhou para o seu passado machista e redesenhou uma campanha com a ajuda de várias mulheres. O processo também aconteceu internamente, com políticas de igualdade em cargos e salários e criação de grupos de afinidades, como o comitê LGBT.

Ficando sempre à frente

Bom, agora que você viu que é melhor correr, se não a concorrência passa na frente, que tal conhecer um pouco mais do assunto com quem estuda tendências? A Nina Rosa, por exemplo, tem 10 anos de experiência na área e vai ministrar um curso de tendência na Aldeia.

Em um mercado cada vez mais globalizado, massificado e padronizado, conhecer as tendências permite buscar diferenciação e inovação. A demanda por serviços de pesquisa de preferências está crescendo, por possibilitar antecipar padrões e diferenciais. Além disso, com o curso você vai:

  • participar de uma imersão rápida e eficiente;
  • pensar em estratégias mais assertivas a partir das tendências;
  • ficar por dentro de como identificar, mapear e monitorá-las;
  • construir uma bagagem para se desenvolver no assunto e pensar no futuro do seu negócio.

Quer saber mais sobre tendências? Conheça o curso.

Economia comportamental e um mundo de melhores decisões

Eu, você e a sociedade em geral temos uma visão bastante otimista da natureza humana: acreditamos que somos perfeitamente racionais, que temos capacidade ilimitada de processamento de informação e que somos ótimos em fazer planejamentos de longo prazo e agir consistentemente.

Basicamente, nessa visão, a grande maioria das pessoas teria o raciocínio lógico desse cara aqui:

Ou a força de vontade desse aqui:

“And I think to myself… What a wonderful world!” Né?! As pessoas não se endividariam, não se deixariam levar pelas emoções e só comprariam o que realmente é útil para elas. Não teriam problemas com peso ou qualquer hábito indesejável. Mas esse mundo não parece muito real.

As pessoas desejam ter uma alimentação saudável, se exercitar com frequência, parar de beber ou fumar. Planejam economizar mais, ter hábitos sustentáveis. Mas, muitas vezes, não conseguem agir de acordo com suas intenções.

Por que agimos de maneiras que não condizem com os nossos interesses de longo prazo?

Será que somos tão racionais assim?

A dinâmica do mercado em que vivemos não nos ajuda a superar as tentações e a pensar no futuro. Por isso, para entender como o nosso “sistema operacional” realmente funciona no intuito de criar ambientes que encorajam a tomada de melhores decisões, existe o trabalho da Economia Comportamental. Ela incorpora contribuições do campo da psicologia e da neurociência à economia, estudando as influências cognitivas, sociais e emocionais nas nossas escolhas. 

Somos previsivelmente irracionais

Pelo menos é assim que o economista comportamental Dan Ariely nos define.

O que ele quer dizer com isso é que indivíduos desviam seus comportamentos, sendo influenciados por atalhos e regras de bolso que minimizam os esforços mentais necessários na tomada de decisão. Isso gera comportamentos previsíveis que independem de cultura ou classe social, pois são inerentes à nossa natureza.

“Se entendermos verdadeiramente as limitações humanas e projetarmos o mundo com base nessa noção, teremos produtos e mercados que serão muito mais compatíveis com nossa capacidade humana e que nos permitirão, por fim, prosperar.” (Dan Ariely, Guia de Economia Comportamental e Experimental, 2015).

Esses vieses cognitivos e heurísticos, como são chamados na Economia Comportamental, são essenciais para que possamos compreender o comportamento humano e as motivações por trás dele. Quer saber um pouco mais sobre alguns deles?

Status quo

Temos a tendência de deixar as coisas como estão, de nos mantermos inertes, mesmo que as mudanças nos tragam melhores resultados. Sabe aquela internet que só dá problema, o plano de celular que é antigo e caro, a TV a cabo que você quase não vê ou aquele jornal que você nem lê, mas, apesar disso, mantém as assinaturas? Então, é isso.

Sobrecarga de escolha

Muitas opções sobrecarregam nosso esforço cognitivo e tornam a decisão mais difícil. Aquela máxima vale para quase tudo: menos é mais. Já foi num restaurante com um cardápio enorme, com umas 80 opções, e você não consegue escolher?! Acabamos pedindo “o de sempre, por favor” ou a sugestão da casa.

Aversão à perda

Somos mais afetados pelas perdas do que pelos ganhos. Nossa aversão à perda nos leva, entre outras coisas, a gastar cada vez mais dinheiro em jogos, ter dificuldade de vender um imóvel por um valor menor do que pagamos e o mais comum “Comprei porque não podia perder o desconto, né?”.

Benefício agora

Preferimos uma recompensa menor, mas agora, do que uma maior no futuro. Ou seja, quase sempre optamos pela gratificação imediata. A tentação de viajar e comprar coisas, combinadas com a facilidade de usar o cartão de crédito são difíceis de resistir e acabamos não economizando para coisas importantes no futuro, como aposentadoria.

Normas sociais

Olhamos para o comportamento dos outros para tomar as nossas próprias decisões. Temos a tendência de conformar com o grupo no qual estamos inseridos e buscamos constante aprovação. Conferir se todo mundo vai naquela festa antes de comprar o ingresso, ou ver o seriado que está todo mundo assistindo são bons exemplos de como normas sociais influenciam nossas escolhas.

A contribuição da Economia Comportamental

Reconhecendo que nossas escolhas, muitas vezes, se afastam da racionalidade, a Economia Comportamental sugere que os ambientes sejam projetados na tentativa de guiar as pessoas em uma direção que fará suas vidas melhores.

Sabe aquele leve empurrãozinho que precisamos para fazer uma escolha que faríamos se não fôssemos influenciados pelo contexto? Então, na Economia Comportamental ele é também chamado de nudge.

“Nudge é qualquer aspecto da arquitetura de escolha que altera o comportamento das pessoas de maneira previsível, sem proibir quaisquer opções, nem mudar significativamente os incentivos econômicos.”  (Tradução livre – Nudge: Improving decisions about health, wealth and happiness, 2008)

Saber que muitas opções, na verdade, atrapalham a escolha nos leva a duas estratégias comportamentais (nudges) possíveis: ou trabalhamos com um número menor de opções ou estruturamos as escolhas dos nossos clientes para que os esforços cognitivos sejam poupados e a venda aconteça de maneira fluida, sem atritos.

Sabe quem faz isso muito bem? A Amazon, pois entendeu que ajudar os seus consumidores estruturando suas escolhas conforme o perfil de cada um simplificaria o processo de compra, a simpatia e satisfação com relação a marca indiretamente aumentariam.

Entender que temos tendência de nos manter inertes nos faz pensar em criarmos opções padrões que sejam de maior interesse para nosso target e também para a sociedade em geral. Foi assim que a doação de órgãos aumentou em muitos países da Europa (veja esse estudo)Apenas mudando a forma como o formulário era apresentado, de “marque aqui se você quer ser um doador de órgãos”, para “marque aqui se você não quer ser um doador de órgãos”, os países que se adequaram a este modelo fizeram do nosso comportamento inerte um meio para alcançar os resultados desejados e salvar muitas vidas.

Mas nós também podemos criar defaults no nosso dia a dia e nos negócios. Tanto é possível que surgiu na Aldeia o Do It Today, um projeto em que a Tribo pode vivenciar na prática como funciona a aplicação dos diversos nudges da Economia Comportamental. Literalmente, aquele empurrãozinho para os que costumam procrastinar.

Mais simples do que imaginamos, né?

Quando compreendemos que olhamos para os outros para tomar nossas próprias decisões, a conclusão é de que podemos fazer as pessoas se compararem por coisas boas também! Podemos, por exemplo, criar nudges que encorajem as pessoas a ter comportamentos sustentáveis (1), não cometer atos de violência (2), a se exercitar (3) e até a fazer o upgrade do sistema do computador (4), salientando que a maioria das pessoas assim o fazem.

Já parou para pensar como você pode aplicar essas contribuições da Economia Comportamental na sua vida e nos negócios? Acredite: é mais simples do que parece. Pequenas mudanças podem sim gerar grandes resultados.

Como aplicar inovação na prática

Antes de pensar em como aplicar inovação na prática, vamos praticar o desapego: junte tudo aquilo que você conhece e que possa ser considerado preconceito e jogue no lixo. Esteja totalmente aberto a novas experiências e considere sempre ver a vida com olhares curiosos, não de julgamento.

Feito isso, vamos começar a entender o porquê você precisa conhecer essa nova realidade e, sobretudo, separar aquilo que é verdadeiramente inovação daquilo que simplesmente gostaria de ser inovador.

“Todas as formas de sobrevivência aprendidas até agora não funcionam mais, mas as novas formas que estão substituindo as antigas ainda estão engatinhando”.

Como já havia previsto Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, estamos vivendo em tempos líquidos em que nada foi feito para durar. “Todas as formas de sobrevivência aprendidas até agora não funcionam mais, mas as novas formas que estão substituindo as antigas ainda estão engatinhando”. Para aprofundar mais, vale a pena assistir esta entrevista de Bauman:

E não é que ele tinha razão? Está aí a internet e seus aplicativos cheios de atualizações recorrentes que não nos deixam mentir. Por isso, cada vez mais precisamos estar preparados para uma nova (e mutante) realidade em que o mais importante mesmo é um produto ou serviço verdadeiramente diferentes, que melhorem a nossa experiência de consumo (seja qual for ela), nos faz sentir melhor por causa disso e atende ao nosso propósito de vida. Ou seja, chega de mais do mesmo. . Mas, para começar a pensar fora da caixa a caminho da inovação, apresento a vocês 5 passos básicos para iniciar no mundo da inovação.

Passo #1: Entenda o que é, de fato, inovação.

Por que eu preciso saber o que é inovação na teoria? Simples. Se você achar difícil compreender o significado da palavra no dicionário (online, pode ser), dificilmente vai entender como aplicar inovação na prática. Joseph Schumpeter, considerado o pai da inovação, costuma dizer que o processo de inovação se baseia na destruição do que está se tornando obsoleto e criação do novo. E vamos um pouco além: não se trata apenas de um produto ou serviço novo ou melhorado, mas sim de ideias que podem se transformar em um negócio muito bom, útil e, ainda, trazer resultados financeiros.

Dica: Tenha na sua cabeceira o livro “Dez Tipos de Inovação”, escrito por Ryan Pikkel. Nele você vai encontrar uma tabela periódica com todos os 10 tipos de inovação e a explicação detalhada de como aplicá-las em seus novos projetos.

Se for muito difícil de entender a inovação, pense em 4 perguntas básicas que podem te ajudar a esclarecer algumas coisas. Este produto ou serviço…

  1. Melhora algo que já existe?
  2. Descarta aquilo que não é mais útil?
  3. Nos remete a lembranças do passado?
  4. Com o tempo, reverte os objetivos?

O segredo é começar eliminando aquilo que você tem certeza de que não é inovador. O head de marketing da 3M, Luiz Eduardo Serafim, explicou no seu artigo Ideia, inovação ou invenção? que inovação é o processo de transformar uma ideia diferenciada em oferta real, precificada, comunicada e disponibilizada ao público-alvo. Chave de ouro: deve atender às necessidades das pessoas com maior valor percebido do que às alternativas existentes no mercado. E claro, trazendo resultado para a empresa.

Passo #2: Identifique um propósito para o negócio e invista nele

Muitas empresas sentem a necessidade de encontrar um produto ou serviço inovador que vai mudar o rumo do negócio e garantir vida longa, mas não sabem nem identificar qual é o seu propósito. Pelo que sua empresa será lembrada nesse mundão? A gente já mostrou que marcas sem propósito são fadadas ao fracasso, e a sua também se encaixa nesse quadro.

Passar por um processo de autoconhecimento é essencial. Não é algo fácil, mas acredite, a “força está aí”. A construção de algo inovador envolve mão na massa, mas também muito trabalho mental.Ter um propósito já incorporado ao negócio e à equipe vai deixar o caminho mais fácil e com maiores chances de ser bem-sucedido.

Passo #3: Observe novas tendências

como aplicar tendências em inovação

O bizarro será o novo cool. Pare e analise as coisas que lhe pareçam mais estranhas. Ali, além de algo diferente do comum, existe uma tendência, por mínima que seja. São elas que representam uma mudança, seja ela social ou econômica.

Dica: Procure cursos que podem te ajudar a aguçar esse olhar para as tendências. Aqui na Aldeia, o curso de Tendências: pesquisa e estratégia pode ajudar bastante!

Esse é o momento em que vamos aplicar os olhares curiosos e sem julgamento, pois, sabendo identificar essas novas tendências sem preconceitos, será mais natural usar movimentos contemporâneos para construir coisas legais.

Passo #4: Procure ferramentas para organizar as ideias

A frase aqui é: “jogue no papel para tirar da cabeça”. Assim, você vai abrir espaço para o novo. Também é importante passar por este processo sem julgamentos e, ainda, levar todas as ideias que aparecerem para discutir com uma equipe multidisciplinar.

Lembre-se de que um produto ou serviço inovador melhora a experiência de consumo e atende ao propósito das pessoas. Portanto, quanto mais pessoas – com histórias e experiências diferentes – puderem expor suas vivências e referências, maiores as chances de alcançar um resultado mais positivo.

Depois de uma enxurrada de ideias, faça sua análise crítica e elimine apenas aquelas realmente impossíveis de serem realizadas. Este passo vai anteceder a transformação da ideia em um modelo de negócio e, nessa hora, ferramentas como o Bussines Model Canvas serão úteis.

Depois de preencher o Canvas (confira essa ferramenta do Sebrae), é hora de usar os recursos da tecnologia a seu favor.

Passo #5: Invista em tecnologia

É impossível pensar em inovação sem pensar em tecnologia. Primeiro porque ela pode ser muito útil na hora de buscar referências, fazer pesquisas, acompanhar outros profissionais e compartilhar experiências — sejam elas bem-sucedidas ou não.

Mas ela também pode atender a expectativa das pessoas quanto a produtos ou serviços que estejam ao seu alcance na hora mais conveniente, sem muito esforço e quase que instantaneamente. E, para isso, você vai precisar dos recursos tecnológicos existentes — ou até sugerir novos, se você for ousado o suficiente.

Além do mais, quem deseja lidar com a inovação de forma saudável deve estar superbem atualizado quanto às novidades tecnológicas. Quanto mais rápido você atuar nesses casos, mais disruptivo você poderá ser.

Este passo a passo é uma perspectiva básica de metodologia aplicável a todos os ambientes de negócio. Porém, busque se aprofundar e acompanhe referências que te proporcionarão o embasamento necessário para aplicar a inovação de forma muito mais produtiva.

Multipotencialidade: o que é, como identificar e como lidar

Pessoas com multipotencialidade: você provavelmente convive, já conviveu ou até mesmo se identifica como alguém que está sempre envolvido com dezenas de atividades diferentes. Aquela que, volta e meia, mergulha de cabeça em um novo projeto e, às vezes, acaba nem terminando a proposta. Curiosamente, parece gostar de tudo e se dar bem com uma infinidade de áreas completamente distintas.

Essa pessoa é como um canivete suíço: possui diversas habilidades e funções. De vez em quando saca uma, outras vezes aproveita várias ao mesmo tempo.

Mas o que significa multipotencialidade?

O multipotencialista, multipotencial ou polímata é aquela pessoa cuja lista de afinidades (com profissões, hobbies e projetos) parece não acabar nunca. Essa característica permite explorar diferentes conhecimentos, se interessar rapidamente por coisas novas, se adaptar a qualquer tipo de grupo e conseguir aplicar mais de uma habilidade em seu dia a dia.

Mas engana-se quem pensa que esse traço traz apenas benefícios. A multipotencialidade pode fazer a pessoa se entediar rapidamente, ter muitas coisas para fazer mas não conseguir desenvolvê-las até o final e sentir dificuldade em assumir compromissos a longo prazo.

E, devido à estrutura de subsistência da sociedade em que vivemos, muitas vezes essas pessoas podem se sentir desajustadas. Isso acontece porque, desde a revolução industrial, a demanda por profissionais especializados em determinadas áreas cresceu para que os produtos pudessem ser produzidos em grande escala.

Aos poucos, fomos nos adaptando às demandas do mercado até chegarmos em uma cultura da hiperespecialização. Para dificultar ainda mais a vida dos multipotenciais, os caminhos a serem escolhidos na vida profissional são moldados, ou pelo menos indicados e questionados, desde a infância.

O maior exemplo é a clássica pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, que ouvimos milhares de vezes desde pequenos. E o processo só se intensifica ao longo da vida, já que, na adolescência, é preciso escolher o que cursar na universidade. Também existe aquela ideia de uma vocação verdadeira, que seria o nosso destino, nos faria felizes e bem-sucedidos para sempre, e só precisaríamos descobrir qual atividade é essa durante as aulas, estágios, empregos e cursos – de preferência, o mais rápido possível.

Mas tudo não passa de balela – ao menos é nisso que acredita Emilie Wapnick, escritora, artista, coach e a principal responsável por cunhar o termo “multipotencialista”.

“Onde você aprendeu a atribuir o significado de errado ou anormal a ‘fazer muitas coisas’?” [Emilie Wapnick, multipotencialista, em uma palestra TEDx Talks].

créditos: alphaspirit/shutterstock

Nessa palestra do TED talks, Emilie conta como se sentiu sozinha por não encontrar seu espaço no cenário produtivo e que chegou a pensar que havia algo de errado com ela. Mas, depois de se descobrir e entender como sua mente funcionava, viu que três características geradas pelo multipotencial eram muito valiosas:

1. Agrupamento de ideias

Como o multipotencialista explora diversas áreas, ele possui conhecimento suficiente para estabelecer elos entres esses setores. E é justamente nessa interseção que surgem as ideias mais inovadoras possíveis.

Campo de conhecimento 1 e campo de conhecimento 2. Entre eles, uma interseção que os multipotencialistas conseguem enxergar e que gera inovação.

2. Aprendizado rápido

Os multipotencialistas estão acostumados a serem principiantes em tantas coisas que já se habituam a sair da zona de conforto e não têm medo de inícios. Isso ajuda a participar mais de tudo o que fazem e aprender rapidamente em diversas situações.

3. Capacidade de adaptação

Eles podem ser o que precisarem. Sempre vão “se virar” e dar um jeito de encontrar alguma maneira de ganhar dinheiro, por exemplo. E com as mudanças tecnológicas acontecendo cada vez mais rápido e inserindo novas profissões no mundo, essa é uma característica extremamente valiosa para se ter. Para exemplificar: há alguns anos, um repórter era responsável apenas pelo texto de matérias e artigos. Hoje, um bom profissional precisa saber filmar, fotografar, editar, falar em frente à câmera e saber se desenvolver.

“Se eu me sinto como um canivete suíço, por que eu tenho que me comportar como uma tesoura sem ponta que só corta papel?” [Rafaela Cappai, multipotencialista, em uma palestra TEDx Talks].

Essa cultura de que precisamos ser especialistas não existiu desde sempre. No período da renascença, por exemplo, ter múltiplas ocupações era considerado algo bom. O próprio Leonardo da Vinci fazia parte desse grupo: ele foi músico, pintor, escritor, escultor, inventor, engenheiro, matemático – sim, a lista de qualificações parece não ter fim. “Homem da renascença”, aliás, é outro termo utilizado para determinar os multipotencialistas.

O que fazer para estimular a multipotencialidade?

Independentemente do termo utilizado para denominá-los, os próprios multipotencialistas sabem: seu principal desafio é a organização. Com muito foco nesse aspecto, grande parte dos problemas enfrentados por essas pessoas podem ser resolvidos.

E, para começar essa reeducação da ordem da vida, é importante utilizar algumas táticas simples:

  • Crie listas de objetivos

Seja a longo prazo, seja de metas para o dia. As listas ajudam você a ter noção de todas as tarefas que precisa ou quer desenvolver, definir prioridades e não se perder entre as atividades.

  • Fatie

Se você é um multipotencialista e está com a sensação de nunca ter conseguido terminar nenhum projeto na vida, que tal começar a traçar objetivos simples e executá-los em partes? A partir do momento que você conseguir dividir e executar pequenas coisas em início, meio e fim, vai se sentir capaz de concluir projetos cada vez maiores. A dica é do multipotencialista Haroldo Rocha, que trabalha com marketing digital, SEO, growth hacking, produz cervejas artesanais e percebeu que isso funcionava por experiência própria.

Lembre-se: você não está sozinho!

Encontrar outros multipotencialistas para trocar experiências é mais uma atitude que pode ajudar na compreensão de si mesmo. Para que essas pessoas se ajudem, já existem alguns canais de contato aqui no Brasil: a Renata Lapa, por exemplo, é coach, escritora, internacionalista e criou uma comunidade do grupo no Facebook.

Já a Rafaela Cappai, bailarina, atriz, comunicadora e empreendedora, inaugurou a Espaçonave, uma empresa que incentiva as pessoas a ganhar dinheiro com aquilo que as faz felizes. Além de apoiar e inspirar, a organização defende que a multipotencialidade existe em todas as pessoas.

Existe, também, um site voltado apenas a quem possui essas características, com depoimentos, dicas e até mesmo encontros proporcionados por multipotenciais de todo o país.

“Não precisamos nos prender a uma única ocupação pela vida inteira”.

Tudo isso existe para que os multipotencialistas (e até mesmos os especialistas), entendam que pessoas que trabalham como canivetes suíços podem (e devem!) ter seu espaço na sociedade. O importante é sempre ter em mente que, por mais que pareça um pouco confuso, não precisamos nos prender a uma única ocupação pela vida inteira.

Por que marcas sem propósito são fadadas ao fracasso?

O ritmo acelerado da nossa rotina tem motivado as pessoas a procurarem uma vida com mais propósito. A pergunta que está em alta e muito presente em livros, palestras e documentários tem sido uma só: qual é a minha função no mundo e como estou contribuindo para que ele seja melhor?

Trabalhar para ganhar dinheiro e adquirir bens deixou de ser prioridade. Tem uma frase do Mujica, político uruguaio, que resume bem esse nosso novo momento: “quando compramos algo, não pagamos com dinheiro. Pagamos com o tempo de vida que tivemos que gastar para ter aquele dinheiro”. É isso! Cada vez mais as pessoas estão se ligando de que quanto mais se quer, mais se trabalha. E, hoje, o tempo com a família e o lazer estão mais valorizados, mudando completamente a nossa relação com o consumo.

Menos consumo, mais propósito.

O mundo está vivendo uma incrível transformação: o Spotify faliu as gravadoras, enquanto a Netflix faliu as locadoras. A Uber incomoda os taxistas, e a Airbnb, os hotéis. Apesar de isso não ser novidade, parece que ainda existem marcas que preferem ignorar essa realidade.

Mais que uma identidade visual e um quadro de missão, visão e valores, marcas são construídas pela paixão e pelo papel delas no mundo. Marcas apaixonantes (e bem-sucedidas) são o encontro entre o desejo das pessoas, a oportunidade de mercado e, principalmente, o que elas fazem de diferente pelo bem da coletividade.

André Carvalhal, um dos grandes nomes da moda no Brasil, que por anos foi o diretor de Marketing da Farm e transformou a marca em queridinha das cariocas, esteve em Curitiba para falar sobre seu mais recente livro Moda com Propósito. Sorte a nossa: com uma palestra incrível, ele explicou como é fácil observar a relação entre desejo, produto e propósito no mercado da moda. Tanto que Carvalhal, antes desse lançamento,  já havia construído um kit de autoajuda para as marcas em seu livro A Moda Imita a Vida. Ele contou como o estilo de vida das pessoas tem influenciado na construção das marcas no mercado da moda e, ainda, comparou a trajetória de uma marca com a vida das pessoas.

Marcas também nascem.

“Criar marcas é um processo como o nosso próprio desenvolvimento: é orgânico. A marca vai acontecendo, vai se criando”.

Da mesma forma que nós não nascemos prontas e vamos nos descobrindo, nos transformando e aprendendo (e tudo o que fazemos resulta em quem somos), com as marcas acontece a mesma coisa. Segundo Carvalhal, somos ansiosos em achar que quando se cria uma marca ela já está totalmente pronta. “Isso não existe. Criar marcas é um processo como o nosso próprio desenvolvimento: é orgânico. A marca vai acontecendo, vai se criando”, explica.

“A jornada pelo autoconhecimento nos ajuda a construir um propósito”.

Como acontece em nossas vidas, ao longo desse processo de criação também há uma série de situações difíceis que somos obrigados a encarar. Para Carvalhal, essa é uma etapa muito enriquecedora. “A jornada pelo autoconhecimento nos ajuda a construir um propósito”, esclarece. Esse é o pulo do gato para ser uma marca excepcional.

A vida mudou, e as marcas também precisam mudar.

Para Carvalhal, o momento em que estamos vivendo agora é o fim de um grande ciclo. O mundo que a gente conheceu e as coisas que faziam parte da nossa vida até então se transformaram e, hoje, precisamos que um novo mundo surja mais alinhado como nossas necessidades e valores. “Continuamos fazendo as coisas como aprendemos lá na faculdade, lá no primeiro emprego. Só que elas hoje não têm mais sentido”, afirma.

Estamos vivendo uma inversão de valores com muitas possibilidades e formatos novos para serem pensados. Por isso, as marcas precisam se reinventar.

Nesse cenário em que as pessoas estão mudando seus valores, hábitos e estão mais entregues à vida e ao seu propósito, as marcas não podem acreditar que vão poder continuar vendendo do jeito que vendiam, produzindo como produziam ou comunicando como comunicavam.

Por exemplo: hoje um smartphone pode construir negócios. As próprias pessoas estão recriando peças do seu guarda-roupa, postando fotos e vídeos no Instagram e vendendo pela internet. Por estarem próximas de outras pessoas que compartilham desta mesma necessidade, acabam conquistando muito mais relevância que marcas já consolidadas.

Estamos vivendo uma inversão de valores com muitas possibilidades e formatos novos para serem pensados. Por isso, as marcas precisam se reinventar.

Em resumo, não seja uma marca medíocre.

Assim como para as pessoas é um momento muito importante de resgate, também é uma chance para as marcas resgatarem o propósito que um dia elas tiveram. Avaliando os números abaixo, que o próprio Carvalhal destacou na palestra, é bem fácil concluir que o primeiro movimento da sua marca rumo ao estrelato deve envolver a opinião das pessoas com as quais ela deseja se envolver. Confira e depois me conta se não é verdade:

 

71% dos brasileiros só consomem produtos e serviços que geram identificação com seus valores, ideais ou crenças

Até bem pouco tempo atrás, a coisa mais importante para uma marca era construir um estilo de vida. Mas o que aconteceu nos últimos 10 anos? Nós deixamos de ser uma só coisa e, logo, as marcas não vão conseguir mais ser tudo o que as pessoas querem. O que vai, de fato, conectar as pessoas com as marcas daqui para frente é o que a marca acredita, o que a marca faz e apoia, onde e como ela está atuando. Elas precisam criar relações mais profundas com as pessoas. Por exemplo, uma marca que se denomina surfwear precisa entender que se o mar estiver sujo não existe surf.

 

91% dos brasileiros acreditam que as empresas deveriam dar a mesma importância para os negócios e para a sociedade em que estão inseridas

Qualquer negócio precisa do planeta (e seus recursos) e das pessoas (porque são elas que produzem e que consomem o que é produzido). Enquanto instituição, são dessas duas frentes que nós precisamos cuidar daqui para frente.

 

55% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por marcas que tenham um propósito

Olha isso: as pessoas estão mudando a relação delas com o dinheiro e estão dispostas a pagar mais caro por algo temporal e que durar mais. Ainda tem muita gente comprando um monte de coisa descartável, mas já existe um movimento grande de pessoas que estão valorizando outros fatores.

Se você se interessou pelo tema e quer entender melhor como sua marca pode atuar com propósito, tem esse curso bem irado aqui na Aldeia!

https://aldeia.cc/cursos/cursos/curso-de-branding-e-gestao-de-marcas-em-curitiba/