Tecnologia | Aldeia | Movimento de Realizadores

Como aplicar inovação na prática

Antes de pensar em como aplicar inovação na prática, vamos praticar o desapego: junte tudo aquilo que você conhece e que possa ser considerado preconceito e jogue no lixo. Esteja totalmente aberto a novas experiências e considere sempre ver a vida com olhares curiosos, não de julgamento.

Feito isso, vamos começar a entender o porquê você precisa conhecer essa nova realidade e, sobretudo, separar aquilo que é verdadeiramente inovação daquilo que simplesmente gostaria de ser inovador.

“Todas as formas de sobrevivência aprendidas até agora não funcionam mais, mas as novas formas que estão substituindo as antigas ainda estão engatinhando”.

Como já havia previsto Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, estamos vivendo em tempos líquidos em que nada foi feito para durar. “Todas as formas de sobrevivência aprendidas até agora não funcionam mais, mas as novas formas que estão substituindo as antigas ainda estão engatinhando”. Para aprofundar mais, vale a pena assistir esta entrevista de Bauman:

E não é que ele tinha razão? Está aí a internet e seus aplicativos cheios de atualizações recorrentes que não nos deixam mentir. Por isso, cada vez mais precisamos estar preparados para uma nova (e mutante) realidade em que o mais importante mesmo é um produto ou serviço verdadeiramente diferentes, que melhorem a nossa experiência de consumo (seja qual for ela), nos faz sentir melhor por causa disso e atende ao nosso propósito de vida. Ou seja, chega de mais do mesmo. . Mas, para começar a pensar fora da caixa a caminho da inovação, apresento a vocês 5 passos básicos para iniciar no mundo da inovação.

Passo #1: Entenda o que é, de fato, inovação.

Por que eu preciso saber o que é inovação na teoria? Simples. Se você achar difícil compreender o significado da palavra no dicionário (online, pode ser), dificilmente vai entender como aplicar inovação na prática. Joseph Schumpeter, considerado o pai da inovação, costuma dizer que o processo de inovação se baseia na destruição do que está se tornando obsoleto e criação do novo. E vamos um pouco além: não se trata apenas de um produto ou serviço novo ou melhorado, mas sim de ideias que podem se transformar em um negócio muito bom, útil e, ainda, trazer resultados financeiros.

Dica: Tenha na sua cabeceira o livro “Dez Tipos de Inovação”, escrito por Ryan Pikkel. Nele você vai encontrar uma tabela periódica com todos os 10 tipos de inovação e a explicação detalhada de como aplicá-las em seus novos projetos.

Se for muito difícil de entender a inovação, pense em 4 perguntas básicas que podem te ajudar a esclarecer algumas coisas. Este produto ou serviço…

  1. Melhora algo que já existe?
  2. Descarta aquilo que não é mais útil?
  3. Nos remete a lembranças do passado?
  4. Com o tempo, reverte os objetivos?

O segredo é começar eliminando aquilo que você tem certeza de que não é inovador. O head de marketing da 3M, Luiz Eduardo Serafim, explicou no seu artigo Ideia, inovação ou invenção? que inovação é o processo de transformar uma ideia diferenciada em oferta real, precificada, comunicada e disponibilizada ao público-alvo. Chave de ouro: deve atender às necessidades das pessoas com maior valor percebido do que às alternativas existentes no mercado. E claro, trazendo resultado para a empresa.

Passo #2: Identifique um propósito para o negócio e invista nele

Muitas empresas sentem a necessidade de encontrar um produto ou serviço inovador que vai mudar o rumo do negócio e garantir vida longa, mas não sabem nem identificar qual é o seu propósito. Pelo que sua empresa será lembrada nesse mundão? A gente já mostrou que marcas sem propósito são fadadas ao fracasso, e a sua também se encaixa nesse quadro.

Passar por um processo de autoconhecimento é essencial. Não é algo fácil, mas acredite, a “força está aí”. A construção de algo inovador envolve mão na massa, mas também muito trabalho mental.Ter um propósito já incorporado ao negócio e à equipe vai deixar o caminho mais fácil e com maiores chances de ser bem-sucedido.

Passo #3: Observe novas tendências

como aplicar tendências em inovação

O bizarro será o novo cool. Pare e analise as coisas que lhe pareçam mais estranhas. Ali, além de algo diferente do comum, existe uma tendência, por mínima que seja. São elas que representam uma mudança, seja ela social ou econômica.

Dica: Procure cursos que podem te ajudar a aguçar esse olhar para as tendências. Aqui na Aldeia, o curso de Tendências: pesquisa e estratégia pode ajudar bastante!

Esse é o momento em que vamos aplicar os olhares curiosos e sem julgamento, pois, sabendo identificar essas novas tendências sem preconceitos, será mais natural usar movimentos contemporâneos para construir coisas legais.

Passo #4: Procure ferramentas para organizar as ideias

A frase aqui é: “jogue no papel para tirar da cabeça”. Assim, você vai abrir espaço para o novo. Também é importante passar por este processo sem julgamentos e, ainda, levar todas as ideias que aparecerem para discutir com uma equipe multidisciplinar.

Lembre-se de que um produto ou serviço inovador melhora a experiência de consumo e atende ao propósito das pessoas. Portanto, quanto mais pessoas – com histórias e experiências diferentes – puderem expor suas vivências e referências, maiores as chances de alcançar um resultado mais positivo.

Depois de uma enxurrada de ideias, faça sua análise crítica e elimine apenas aquelas realmente impossíveis de serem realizadas. Este passo vai anteceder a transformação da ideia em um modelo de negócio e, nessa hora, ferramentas como o Bussines Model Canvas serão úteis.

Depois de preencher o Canvas (confira essa ferramenta do Sebrae), é hora de usar os recursos da tecnologia a seu favor.

Passo #5: Invista em tecnologia

É impossível pensar em inovação sem pensar em tecnologia. Primeiro porque ela pode ser muito útil na hora de buscar referências, fazer pesquisas, acompanhar outros profissionais e compartilhar experiências — sejam elas bem-sucedidas ou não.

Mas ela também pode atender a expectativa das pessoas quanto a produtos ou serviços que estejam ao seu alcance na hora mais conveniente, sem muito esforço e quase que instantaneamente. E, para isso, você vai precisar dos recursos tecnológicos existentes — ou até sugerir novos, se você for ousado o suficiente.

Além do mais, quem deseja lidar com a inovação de forma saudável deve estar superbem atualizado quanto às novidades tecnológicas. Quanto mais rápido você atuar nesses casos, mais disruptivo você poderá ser.

Este passo a passo é uma perspectiva básica de metodologia aplicável a todos os ambientes de negócio. Porém, busque se aprofundar e acompanhe referências que te proporcionarão o embasamento necessário para aplicar a inovação de forma muito mais produtiva.

A planilha de 100 mil reais: a incrível trajetória do Goleiro de Aluguel

Muitos buscam a ideia genial para se tornar o próximo empreendedor milionário, mas poucos percebem que os problemas e as soluções fazem parte do nosso cotidiano e das nossas vidas. Foi exatamente assim que o empreendedor Samuel Toaldo, do Goleiro de Aluguel, descobriu que uma de suas paixões, ser goleiro, na verdade é um mercado que movimenta 31 bilhões de reais ao ano e o melhor, que ninguém ainda desbrava essa floresta com coragem.

Tempo de aventura de uma história ainda sem fim

O sonho de infância de Samuel era igual ao de todos os meninos da rua: eles não queriam só jogar bola, queriam mesmo era vestir a camisa de um clube de futebol profissional. Cada um acabou seguindo o seu próprio caminho. Ele, longe de se arrepender, se tornou técnico em Informática e estudou Física.

O bate-bola com os amigos nunca ficou de lado. Mas, ao contrário deles, Samuel não gostava de fazer gols, e sim de evita-los. É um goleiro nato. “Aqui nasceu Pelé, Romário, Ronaldo Nazário e Neymar, ninguém gosta de ficar debaixo das traves tomando boladas, todos buscam a glória de ver aquela rede balançar. Quando a galera descobria que eu era goleiro — dos bons, diga-se de passagem — me buscavam na porta da minha casa todos os dias, pra segurar a onda dos peladeiros e fechar o time, sem precisar revezar ou colocar o pior do grupo no gol”, conta.

No final de 2014, Samuel já tinha perdido as contas de quantas vezes entrou em campo. Ao comentar o feito com o amigo, ele prontamente respondeu: “O pessoal chama você só porque é goleiro”. Foi então que seu espírito empreendedor começou a mostrar a cara. “Pra tirar um sarro, criei a fanpage Goleiro de Aluguel e, na descrição, colocava-me à disposição para fechar o gol pelo valor de 30 reais”, revela. Nas partidas entre amigos é tradição o goleiro não pagar os custos de aluguel do campo, mas Samuel foi surpreendido quando começaram a enviar mensagens com convocações para jogar de aluguel. No primeiro mês, utilizando somente o Facebook, ele jogou 13 partidas e faturou R$ 390,00, dinheiro extra que rendeu ao goleiro o sentimento de ser um atleta profissional.

Primeira divulgação do Goleiro de Aluguel (imagem: arquivo pessoal)

Profissão: goleiro

Os interessados não paravam de surgir: foi então que Samuel identificou ali uma oportunidade de negócio. Rabiscou um modelo de negócio e criou um MVP (Minimum Viable Product). Foi neste período que conheceu Eugen Braun, hoje, o sócio de Samuel. “Eugen se mostrou bem interessado em atuar como goleiro de aluguel e, mais do que isso, se ofereceu para ajudar na organização da ideia”, relata. Sem pensar duas vezes, ele convidou o cara para fazer parte do negócio que ele mesmo intitula “disruptivo”. Agora com um sócio, seria mais fácil abrir portas para explorar o mercado do futebol amador brasileiro.

Como grande parte dos negócios, o orçamento da dupla era baixo, ou seja, para gerenciar todo o sistema que haviam desenhado era necessário utilizar ferramentas gratuitas. Sem profundo conhecimento na área, Samuel criou o primeiro site do Goleiro de Aluguel numa plataforma grátis da internet: o WordPress.

Para os empreendedores, a maior vantagem de utilizar estes recursos disponíveis na internet é que, além de serem de graça, o acesso pode ser feito de forma simultânea e remota.

Por lá, ele teve a ideia de inserir um Google Forms de cadastro para os próprios goleiros se colocarem à disposição para os jogos e para os próprios times solicitarem goleiros. Os dados alimentavam uma planilha no Google Sheets, onde toda a mágica acontecia. Para os empreendedores, a maior vantagem de utilizar estes recursos disponíveis na internet é que, além de serem de graça, o acesso pode ser feito de forma simultânea e remota. Basta uma conexão meia boca com a internet e um navegador.

Banner do primeiro site. (imagem: arquivo pessoal)

A magia da internet faz tudo acontecer

Nem sempre sabemos aproveitar os recursos que nos estão disponíveis por meio dos aplicativos gratuitos.

O link entre contratantes e goleiros era feito por Samuel e Eugen através do WhatsApp, outra ferramenta inteiramente sem custos. “Nem sempre sabemos aproveitar os recursos que nos estão disponíveis por meio dos aplicativos gratuitos. Com as listas de transmissão do WhatsApp, cadastramos os goleiros do Google Sheets na agenda do iCloud. Padronizamos as mensagens no bloco de notas do Smartphone e isso agilizou a comunicação, era só copiar e colar”, revela Samuel com orgulho.

Tudo estava configurado para notificações via e-mail e, toda vez que um novo cadastro acontecia no Google Forms, ele e o sócio comemoravam. “As solicitações de goleiros precisavam ser respondidas o mais rápido possível. Por isso, diminuí o tempo de atualização dos e-mails no Smartphone”. Ainda que seja muito fácil estar conectado o tempo todo, administrar as cargas de bateria não estava tão simples assim. A solução básica encontrada por eles foi comprar carregadores extras e baterias portáteis, o que os tornariam homens conectados full time.

A planilha de cem mil reais

Os sócios – e amigos – Samuel e Eugen, conseguiram criar um sistema de convocações totalmente online e gratuito, capaz de unir goleiros avulsos e times defasados, e ainda, lucrar com tudo isso.

Funcionava assim: quando um goleiro era solicitado, era enviada uma convocação na lista de transmissão de WhatsApp daquela região. O primeiro que respondesse “ACEITO”, recebia o contato do contratante e assim era o “MATCH”. O goleiro recebia em mãos o valor referente à partida e devia passar – na base da confiança mesmo – o valor referente à comissão dos dois. “Nossa planilha controlava além dos jogos, a parte financeira. O Eugen era responsável por entrar em contato com os usuários e realizar a cobrança de nossa comissão”, explica.

A gamificação foi provocando um crescimento através dos usuários. Após os jogos, quem contratava os goleiros respondia por e-mail um formulário de avaliação. As notas que eram atribuídas a eles eram utilizadas num ranking e, ao final do mês, o melhor goleiro era premiado com um par de luvas profissional.

Foi com Facebook e WhatsApp que eles operaram os 6 primeiros meses do negócio. Depois, evoluíram para o site com formulários e a planilha compartilhadas. Com esse fluxo que os empreendedores trabalharam durante 14 meses e faturaram quase R$100.000,00.

E qual a lição que fica?

Fazendo tudo isso manualmente, os dois conviveram de perto com os próprios clientes: uma oportunidade valiosíssima para as empresas. Desenharam o modelo exato da primeira versão de um aplicativo e apostaram num único, mas certeiro, tiro. Hoje, o Goleiro de Aluguel fatura R$ 30 mil por mês e cresce, em média, 22,5% ao mês.

Samuel e Eugen divulgado o site nos complexos esportivos de Curitiba. (imagem: arquivo pessoal)

Assim, com todos esses recursos gratuitos, que eles aproveitaram para colher dados de amostragens. Chegaram à conclusão de que mais de 1 milhão de partidas acontecem todos os meses em quadras de aluguel, sendo que 60% não possuem goleiros fixos. Ou seja, isso é só o começo de uma história que está longe de ter um fim.

Os próximos capítulos ficam para uma outra oportunidade!

 

Hackerativismo: como pessoas comuns estão tomando as rédeas da política

Termos como Câmara de Vereadores, instauração de medidas provisórias, votação no Senado, criação de projetos de lei e Impeachment parecem muito distantes de nós, não é mesmo? Com isso, todo aquele sentimento de mudança e revolta acabam ficando reclusos em nossos pensamentos e, no máximo, em textões no Facebook. Para o senso comum, o único caminho efetivo para ocasionar transformações políticas é longo e penoso: se filiar à um partido, se candidatar a um cargo político (começando com aqueles de menor relevância no cenário nacional), ganhar eleições para, então, exercer a política.

Mas esse sistema tradicional e burocrático foi hackeado. A internet possibilitou a criação de diversas redes hackerativistas que fazem o cidadão se relacionar diretamente com a política através da educação, discussão e implementação de alternativas práticas nos governos.

Entendendo o hackerativismo.

Um dos principais – se não o principal – fator que distancia as pessoas da política é a falta de informação e acesso a dados oficiais. Mesmo com a criação da lei de acesso à informação (nº 12.527/2011), em vigor desde maio de 2012, muitos dados ainda são velados e, na maioria das vezes, trazem uma linguagem jurídica que não pode ser compreendida por todo mundo. É a partir disso que surgem alguns grupos dispostos a mudar a forma que enxergamos as discussões políticas.

“… através de sofisticados protocolos de encriptação de dados, alguns grupos conseguem navegar na internet sem serem detectados pelos mecanismos de controle existentes na rede. Mais ainda: através dessas formas de navegação, esses grupos conseguem acesso a informações que, de outra maneira, são invisíveis aos usuários comuns”. (Danilo Spinola Caruso, professor do IFRJ).

Essa é a filosofia hacker aplicada à participação política. O termo “hacker” foi criado em 1960 por um grupo de estudantes do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que acabaram iniciando um grande movimento. Esse grupo, entusiasmado com seu trabalho, compartilhava conhecimento técnico e científico de modo aberto, indo contra a ética do trabalho industrial descrita por Max Weber, até então predominante no cenário econômico.

Os primeiros hackers do MIT criaram um novo sentido de trabalho para a Era da Informação, em que cada avanço é compartilhado abertamente com o intuito de gerar novas descobertas e melhorar as pesquisas de forma colaborativa. Dentro das atividades hackers, existem diversas subdivisões específicas que se enquadram em três macro-classificações: white hat, que são os “hackers éticos”, os  black hat, que normalmente cometem crimes de segurança como roubo de senhas e dados bancários e os gray hat, que ficam entre os dois primeiros.

Para entender melhor as subdivisões e a diferença entre elas, ouça o podcast Hackers, Crackers e Dieckmans do Jovem Nerd.

Os precursores do hackerativismo na política.

1) Wikileaks

O Wikeleaks surgiu em 2006, como uma organização que combina tecnologia e jornalismo. O principal objetivo do site era a divulgação de documentos secretos de empresas e governos para democratizar informações que seriam escondidas da população. The New York Times, Le Monde, El País, Der Spiegel e The Guardian são alguns dos jornais que tem a organização como parceira na apuração de informações e construção de banco de dados.

Entre os vazamentos feitos pelo Wikileaks destacam-se a exposição de diversos documentos e telegramas secretos estadunidenses que comprovam a morte de milhares de civis na guerra do Afeganistão em 2007 e a coleção de 391.832 relatórios, também do exército americano, sobre a Guerra do Iraque, que vão de 1º de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2009.

Em 2011, o Wikileaks foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo parlamentar norueguês Snorre Valen.

“O Wikileaks é uma das contribuições mais importantes para a liberdade de expressão e transparência ao divulgar informações sobre corrupção, violação dos direitos humanos e crimes de guerra”.

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, é constantemente acusado e perseguido por diversos governos, sob acusações de crimes que variam de espionagem a abuso sexual. Em contrapartida, o australiano tem apoio de grandes líderes mundiais, como Vladimir Putin e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No Brasil, o Wikileaks divulgou em maio de 2016 documentos datados de 2011 com declarações do atual presidente do Brasil, Michel Temer. O presidente teria afirmado que o desempenho do então presidente Lula era decepcionante, abrindo a possibilidade do PMBD lançar o seu próprio candidato na próxima eleição presidencial (leia os telegramas na íntegra aqui e aqui). Na sequência, a organização tweetou que Temer chegou à presidência com um golpe, gerando novas polêmicas.

2) Anonymous

O Anonymous surgiu em 2004 como um fórum de participação anônima de hierarquia horizontal e apartidário. O primeiro ato do grupo que ganhou repercussão internacional foi a série de protestos contra a Cientologia no ano de 2008. Após o vazamento de uma entrevista com o ator Tom Cruise no YouTube, a igreja pediu a retirada do material da internet, alegando violação de direitos autorais. Em resposta, o Anonymous organizou uma série de ataques contra sites da religião, trotes e protestos em centros de reuniões dos fiéis com o objetivo de revidar e bloquear essa tentativa de censura.

Outra ação foi a Occupy Nigéria, que aconteceu junto aos grupos Naija Cyber Hacktivists of Nigeria e Frente Popular de Libertação, garantindo o reajuste do preço da tarifa do transporte público, após um aumento desenfreado no valor do combustível por conta da retirada do subsídio governamental.

No Brasil, além da Revolta do Vinagre (que também aconteceu devido ao aumento do valor da passagem do transporte, em 2013), o Anonymous atuou durante a Copa do Mundo de 2014 trazendo à tona reivindicações sociais e expondo ao mundo injustiças cometidas pela organização do evento, buscando atrelar essas problemáticas às grandes corporações que patrocinavam a competição.

“Somos uma ideia de mudança, um desejo de renovação. Somos uma ideia de um mundo onde corrupção não exista, onde a liberdade de expressão não seja apenas uma promessa e onde as pessoas não tenham que morrer lutando por seus direitos. Oficialmente não existimos e não queremos existir oficialmente. Nós não seguimos partidos políticos, orientações religiosas, interesses econômicos, nem ideologias de quaisquer espécies. O Anonymous não tem líderes, porque nós não podemos ser representados ou liderados, porque isto é o que somos: uma ideia”.

Como participar ativamente da política?

Inseridos nesse contexto hackertivista, diversos outros grupos, institutos e ONGs surgiram com o intuito de possibilitar uma participação ativa da população na política. Durante o Aldeia Summit, a conferência sobre realização, talento e coragem que rolou aqui na Aldeia, duas alternativas acessíveis e efetivas para essa participação foram discutidas: o Instituto Atuação e o Code for Brazil.

O Instituto Atuação é uma organização apartidária, sem fins lucrativos e com enfoque em pesquisa, estratégia e articulação. A ideia é transformar o Brasil em uma democracia plena, com base na participação política, transparência pública e cultura democrática.

O último índice de democracia da The Economist Intelligence Unit (cujos princípios norteiam o trabalho do Instituto Atuação) mostra que a democracia brasileira vai de mal a pior. Entre 2013 e 2015, o Brasil ocupava a 44ª posição do hanking e, em 2015, caiu para a 51ª, apresentando a sua pior participação nos dez anos em que o estudo é realizado. Com o título A Democracia em Tempos de Ansiedade, as métricas utilizadas para a composição desse índice são: liberdades civis, processo eleitoral e pluralismo, funcionalidade governamental, cultura política e participação política.

Para melhorar essa colocação, o Instituto Atuação (que fica na cidade de Curitiba) promove eventos, estudos e projetos abertos a qualquer cidadão interessado em participar ativamente da política.

Já o Code for Brazil é uma comunidade com foco em tecnologia, que promove um ecossistema de inovação cívica para melhorar a qualidade de vida nacional. Inspirado no Code for America, o segmento brasileiro segue as mesmas premissas, embasadas na política do século 21:

Começar com as necessidades das pessoas:

Comece projetos através de pesquisas com pessoas. Isso permite que você entenda, de fato, quem elas são e quais são as suas necessidades reais, o que elas precisam e como se comportam. Faça testes contínuos com os usuários e aperfeiçoe a política a partir da experiência e relatos pessoais.

Garantir que todos possam participar:

Crie alternativas que envolvam todos os membros da comunidade de forma produtiva. Para isso, use linguagens simples e diferentes tipos de canais para alcançar as pessoas onde elas estiverem.

Começar pequeno e melhorar continuamente:

Quando você estiver construindo ou comprando tecnologia para o governo, disponibilize um Produto Mínimo Viável (MVP) nas mãos das pessoas o mais cedo possível. Além disso, faça testes frequentes com usuários e estabeleça melhorias com base nesse feedback.

Usar dados em tempo real para tomada de decisões:

Defina métricas-chave para determinar se programas e serviços estão atingindo objetivos previstos. A partir dessas métricas, analise os dados para obter insights que conduzirão ações focadas na melhoria dos resultados gerais da comunidade.

Ter a abertura como padrão:

Trabalhe sempre de forma aberta, publique dados e pesquisas na internet, tendo como foco a colaboração no desenvolvimento de projetos.

Construir o time certo:

Invista sempre em pessoas que valorizam o papel do ambiente digital em todos os níveis da organização. Aumente as competências digitais da sua equipe e contrate profissionais de tecnologia, possibilitando a construção de equipes multidisciplinares focadas na entrega.

Tome decisões tecnológicas embasadas:

Compreenda como, quando e onde construir, comprar ou usar a tecnologia existente com o intuito de executar operações eficientes e eficazes e entregar serviços online que realmente atendam às necessidades das pessoas.

O Code for Brazil desenvolve eventos e projetos como o aplicativo Vizin, uma alternativa para promover a segurança dos bairros. Funciona assim: uma rede colaborativa é construída com base na geolocalização das pessoas, que podem criar alertas de insegurança e ajudar outras pessoas que moram ou transitam por aquelas regiões.

Outro projeto da comunidade é a ferramenta interativa LegisCon, que promove a vigilância do congresso nacional pelos cidadãos. O aplicativo ainda está em fase demo, mas já oferece um resumo acessível dos projetos de leis, com anexos dos textos na íntegra, apresentando informações breves de cada congressista e o status dos projetos. O LegisCon ainda possibilita a votação da lei pelo usuário e promove uma área de debate sobre cada proposta.

E esses são apenas alguns exemplos. Você, como cidadão consciente que quer provocar mudanças na política e na sociedade, não tem mais desculpas para não se engajar:

Participe de grupos hackerativistas que defendam ideais que você acredita.

Além do Instituto Atuação e do Code of Brazil, existem diversos outras alternativas para se envolver no hackerativismo e alguma delas, certamente, lutará por pautas que você defende.

Crie alternativas hackerativistas.

Se você identificou alguma necessidade específica no seu ambiente escolar, local de trabalho ou comunidade, crie soluções. A internet possibilita a realização de alternativas simples para a realização de projetos em diferentes escalas, de grupos locais nas redes sociais ao desenvolvimento de aplicativos. Encontre parceiros estratégicos e promova mudanças.

Saiba que não é preciso manjar de tecnologia para ser um hacker.

Você pode participar de fóruns, da criação de soluções e do desenvolvimento de ideias alternativas a partir de premissas hackers, mas sem programar uma linha de código. A criatividade, engajamento e rapidez nas ações contam muito.

São alternativas e grupos diferentes, que permitem explorar e participar da cidadania de maneira prática e consciente. Escolha aquela que mais se adequa o seu perfil e mãos à obra.

Como a Inteligência Artificial vai mudar a sua vida (desde já)

Falar de inteligência artificial está na moda, mas o que pouca gente sabe é que o tema existe (e é estudado) há muitos anos. O autor Júlio Verne, por exemplo, já imaginava e descrevia tecnologias que executavam funções inteligentes, até então restritas aos seres humanos.

Com a popularização de assuntos relacionados ao universo tecnológico, mais pessoas entendem esse ponto de vista. O que pode ser feito com a inteligência artificial, como ela vai mudar a sua vida e se os robôs vão (ou não) tomar os empregos dos humanos se tornaram discussões cada vez mais comuns.

Inteligência artificial no dia a dia.

Não restam dúvidas: a inteligência artificial afeta as pessoas. Mas nada de pensar em distopias ou ficção científica. O aprendizado de máquina surge para somar ao nosso cotidiano e pode até substituir os seres humanos no trabalho, mas não será algo ruim.

“Como os robôs têm inteligência suficiente para se responsabilizar por funções básicas e repetitivas, nós podemos aplicar todo o nosso conhecimento em assuntos mais importantes – ou, melhor ainda: transformadores”.

As aplicações dessa tecnologia no nosso dia a dia nos ajudam a potencializar a capacidade criativa ou de produção. Como os robôs têm inteligência suficiente para se responsabilizar por funções básicas e repetitivas, nós podemos aplicar todo o nosso conhecimento em assuntos mais importantes –  ou, melhor ainda: transformadores. Isso leva a uma mudança completa no modelo de trabalho a que estamos acostumados e aplicações que você nem sabia que existiam.

É por isso que as diferentes possibilidades da Inteligência Artificial começaram a fazer parte da rotina de muitos profissionais. Ezequiel Kwasnicki, que trabalha na IBM Brasil, enfatiza que essa tecnologia é um assunto de todos, prestes a ficar cada vez mais evidente em nossa rotina pessoal e profissional.

Os robôs precisam se adaptar.

Com a popularização da Inteligência Artificial, empresas e sistemas com scripts que não se adequam ao dia a dia das pessoas enfrentarão uma rejeição cada vez maior. O Google, por exemplo, tem algumas funcionalidades que ainda não se adaptam perfeitamente à necessidade do usuário. O Google Maps, por exemplo, pode não memorizar o destino da escola de natação dos seus filhos mesmo você indo lá toda semana. São problemas pequenos, mas devemos ter em mente que as pessoas querem agilidade e praticidade nas plataformas – ou seja, a máquina, software ou aplicativo precisa entender o nosso dia a dia, guardar informações e aprender a utilizá-las rapidamente em um próximo acesso.

Nova tendência: inteligência cognitiva.

Profissionais que trabalham com tecnologia estão saindo do antigo sistema de programação e evoluindo para plataformas de treinamento tecnológico. Isso permite criar sistemas cognitivos, que ajudam os usuários nas suas tarefas. Um exemplo claro dessa tendência é o Robô Laura, projeto do Jacson Fressatto, que é capaz de aprender e auxiliar médicos ou enfermeiros no diagnóstico da sepse.

Assim como Laura, diferentes máquinas partem de uma base de dados já estabelecida, mas conseguem compreender, analisar informações e aplicar o que absorvem, projetando cenários para pacientes, clientes e departamentos.

Bilhões de dólares no processamento de informações.

No início do século XX, a quantidade de informações e inteligência sobre um tema demorava 50 anos para evoluir, se adaptar e oferecer novas respostas. Hoje, o processo está em aceleração constante e recebe patrocínios de diversas fontes. Em 2014, a IBM anunciou um investimento de US$ 1 bi no Watson, o sistema cognitivo mais famoso do mundo. A tendência é que os patrocínios continuem aumentando, já que essas tecnologias podem nos levar a um nível de conhecimento muito profundo sobre vários assuntos. Mas ainda tem áreas de incentivo pouco atendidas quanto aos investimentos, no caso da batalha de robôs.

Sustentabilidade na tecnologia.

O desenvolvimento dessa área não está voltado apenas a projetos específicos. A inteligência artificial é capaz de embasar métodos para corporações e cidades, já que o acesso à informação cresce muito quando essa tecnologia está envolvida. Com mais informação, fica fácil trabalhar a sustentabilidade, criar projetos urbanos e empoderar o cidadão, ajudando empresas e governos a otimizar seus processos. Quando isso acontece, o conhecimento é direcionado à solução de problemas reais, e não aos lucros de uma empresa.

Esse é só o começo.

Por enquanto, 80% das informações compiladas no mundo ainda não podem ser entendidas por robôs –  mesmo assim, eles já são o expoente de grandes mudanças. Quanto mais conteúdo forem capazes de analisar, maior é a ajuda que essas plataformas oferecem para que propósitos transformadores massivos sejam colocados em prática.

O importante é unir forças e criar sistemas capazes de ajudar as pessoas – o resultado aparece em casos como o Robô Laura, que já conseguiu salvar uma das vítimas da sepse com a velocidade no diagnóstico. É nessa hora que podemos entender como a tecnologia está em constante mudança desde o princípio: não é mais sobre gadgets, mas sim sobre ferramentas facilitadoras. A inteligência artificial nos ajuda a reconfigurar a aprendizagem, qualificar diferentes áreas do conhecimento e criar algoritmos que, além de inovadores, mudam a nossa vida para melhor.

 

O que fazer quando trabalhar é desnecessário?

Há milhares de anos, a raça humana era especialista em sobreviver. Como extraiam da natureza todos os recursos, tinham amplo conhecimento sobre plantas e animais, mapeavam áreas de risco para instalar suas tribos e tinham formas complexas de desenvolver ferramentas para a caça. Sua forma física podia ser comparada aos atuais atletas de alto nível, já que sua sobrevivência dependia da capacidade de fugir e esconder-se de perigosos predadores.

Mas agora, estamos passando por um momento na história da humanidade em que não precisamos mais dedicar nosso tempo diretamente à sobrevivência desta forma: já existem pessoas especializadas em cultivar comida (produtores de plantas e animais), em preparar comida (restaurantes), em fornecer acomodações (construtoras, hotéis) e em, virtualmente, nos oferecer qualquer outro serviço que algum de nós precise para viver.

Boa parte dos profissionais que trabalham com áreas do conhecimento, como programadores, arquitetos, engenheiros, cientistas, entre outros, deixaram de ser protagonistas da solução dos problemas mais prioritários – fisiologicamente falando – para dedicar tempo em atividades altamente especializados e que, em geral, resolvem problemas muito distantes dos relacionados à sobrevivência (mas que só existem por conta dessas abstrações que nós mesmos criamos).

https://www.dlojavirtual.com/dicas-para-o-seu-negocio/piramide-de-maslow

Um bicho diferente, que evolui apesar do DNA

O ser humano, por conta do seu cérebro diferenciado, é a única espécie conhecida que consegue preservar e transmitir o conhecimento através de gerações sem utilizar o DNA, afinal, ele é passado por meio das tecnologias que nós mesmos criamos, como os desenhos nas cavernas até os tutoriais no YouTube. Mesmo assim, acredita-se que apesar de toda a tecnologia que dispomos hoje, como indivíduos, os seres primitivos eram mais inteligentes.

A sociedade, com as facilidades que conhecemos, existe em menos de 0,001% da história da humanidade. Nosso estilo de vida é único e não seria possível sem as tecnologias que nós mesmos inventamos e aprimoramos com o tempo – e isso começou há mais ou menos 12 mil anos, com o surgimento da agricultura e a construção dos primeiros templos.

Vamos automatizar tudo!

“O que hoje só nós podemos fazer amanhã as máquinas farão e isso nos tornará mais dependentes delas”.

Há cerca de 500 anos, o aparecimento da ciência transformou tudo o que os seres mais primitivos sabiam e conheciam até então. O progresso passou a ser exponencial. A partir da Revolução Industrial, muita coisa mudou e, agora, estamos muito mais próximos do que imaginamos de viver uma nova revolução, dessa vez, muito mais que tecnológica. No futuro, teremos mais automação: o que hoje só nós podemos fazer, amanhã as máquinas farão e isso nos tornará cada vez mais dependentes delas. Afinal, um computador nada mais é que uma máquina que processa instruções genéricas e é só uma questão de tempo para termos a grande maioria das tarefas automatizadas, principalmente as que dependem de um software.

via GIPHY

Não apenas ficaremos ainda mais dependentes da tecnologia, como já estamos: imagine viver num mundo sem Internet, sem energia elétrica e sem outras facilidades? Até que ponto nós controlamos essas tecnologias? Até que ponto elas nos moldam e nos tornam dependentes? Até que ponto somos seres mais limitados? Certamente, um ser humano dos dias atuais teria muita dificuldade em sobreviver no mundo como era há 50 mil anos: não dava para pedir pizza pelo telefone, não tinha loja vendendo roupas para o frio e o conhecimento humano não estava acessível e compartilhado no Google.

Neo refletindo se controlamos as máquinas ou se elas nos controlam (Matrix Reloaded).

“Se você não fosse útil para a sociedade, com que inutilidades gastaria seu tempo? ”.

Claro que uma reflexão mais profunda sobre o controle que as máquinas exercem em nossas vidas fica para um próximo texto, caso contrário, teríamos um livro publicado aqui. No entanto, a ideia desse texto é levantar discussões acerca do quanto o mundo automatizado vai limitar a execução de tarefas “úteis à sociedade”. O que fazer quando trabalhar for desnecessário? Precisamos falar sobre isso: nem todas as atividades vão desaparecer em função das máquinas, mas os indivíduos precisarão se reinventar, pois apesar de elas estarem bem próximas de dominar o mundo, jamais substituirão a necessidade do ser humano de se relacionar. E serão nessas tarefas que deveremos investir.

Para encerrar, já deixo aqui a pergunta que não quer calar: se você não fosse útil para a sociedade, com que inutilidades gastaria seu tempo? Faça anotações e já comece a se planejar para a próxima revolução. Boa sorte!

3 projetos práticos feitos com o Arduino

O Arduino é uma plataforma open-source para prototipagem eletrônica e computação física que vem conquistando fãs no mundo todo. Por ser muito acessível e fácil de usar, tornou-se uma ferramenta criativa importante para experimentar ideias, validar conceitos, aprender robótica e eletrônica, elaborar automatismos, prototipar produtos e criar sistemas interativos.

Com um conhecimento básico de Arduino, já é possível desenvolver projetos incríveis e úteis que te ajudem no seu próprio dia-a-dia. A gente separou 3 superpráticos e básicos para você conhecer.

Sistema de alarme simples

Esse simples projeto usa um sensor de movimento para detectar a presença de alguém estranho, dispara um alarme agudo e ativa um display visual com lâmpadas de LED que piscam. Dá uma olhada no passo a passo para fazer o seu próprio.

Controlador de temperatura

controlador de temperaturas arduino

Estufas caseiras, mini-geladeiras e várias outras situações requerem uma temperatura constante para funcionar bem. Com o Arduino e mais algumas peças, você consegue criar o seu próprio dispositivo de controle de temperatura em vez de pagar caro em um modelo pronto.

Despertador integrado com o Google Agenda

O S.M.A.R.T. Alarm Clock é um despertador feito com o Arduino que se programa sozinho de acordo com os compromissos que você tem agendados na sua conta do Google. Aqui você pode entender um pouco mais sobre o funcionamento dele.

Colocando em prática

Para saber mais sobre o Arduino, é preciso conhecer a base da plataforma de desenvolvimento. Então, se você tem alguma ideia e quer testá-la ou é daqueles que gostam de consertar os problemas de casa sozinhos, aproveite para conhecer o nosso Curso de Arduino em Curitiba.

Com muita mão na massa, a ideia é partir do básico e ir além. O bom é que não é preciso ter conhecimento prévio de eletrônica e programação. Então aproveita para saber um pouco mais!